Uma em cada 12 pessoas no mundo pode ter hepatite B ou C, sem saber. Não há sintomas e o vírus não é detectado em exames de rotina. Tem certeza que você não tem? Faça o exame, é gratuito.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Existe preconceito contra hepatite C?



Primeiro, vamos refletir sobre o que é preconceito: basicamente, é uma idéia preconcebida, fundamentada em crenças e não em conhecimento. Por isso, se relaciona o preconceito à ignorância, à falta de esclarecimento sobre determinado assunto. O preconceito está ligado a crenças, sentimentos e tendências comportamentais e é considerado uma atitude negativa [Psicologia/Preconceito].

E aí? Será que existe preconceito contra portadores de hepatite C?
Falamos sobre isso certa vez na comunidade do orkut e eu fiquei impressionada com alguns relatos que li, triste por saber pelo que passaram algumas pessoas - inclusive com familiares e amigos. Sim, o preconceito existe.

Posso dizer que tenho a sorte de ter ao meu lado pessoas incríveis e, por isso, passei por poucas situações como essas. Mas passei.

Vou contar um caso peculiar: numa clínica de estética aqui em Brasília (não vou dizer o nome, só que é de Paris - e cara), a esteticista teve um chilique quando, com mais de meia hora da limpeza de pele, eu contei por algum motivo que tinha hepatite C. Vejam a fala dela (nos colchetes, leiam o meu pensamento na hora):

Esteticista: "Mas isso é contagioso!!!"
[obrigada por me contar, porque eu não sabia!]
"Você tem que falar pras pessoas, porque senão você coloca elas em risco"
[hã?!?]
Eu: "A orientação de meu infectologista é que não preciso falar se não quiser. Basta que eu me certifique que o local segue as normas da vigilância sanitária, o que vocês me garantiram que faziam quando estive aqui pela primeira vez".

Esteticista: "Você tem a OBRIGAÇÃO de contar... pra manicure, pra massagista, pro dentista, pra eles tomarem os cuidados necessários".

Eu: "Eles é que têm obrigação de tomar esses cuidados SEMPRE, é inerente à profissão. A pessoa pode nem saber que tem a doença e, se souber, você acha que ela vai deitar aqui e dizer: cuidado, 'eu tenho HIV?'"
[o quê??? Então quer dizer que corro o risco de pegar HIV, hepatite B e sei lá eu quantas doenças mais são transmitidas pelo sangue, se a pessoa não contar para o profissional que tem o vírus?].

Como eu sou muito calma e paciente (quem me conhece sabe que sempre falo as coisas com muito jeitinho), foi um diálogo bem tranquilo. Como é de praxe, ela saiu da sala e me deixou lá alguns minutos com uma máscara facial. Quando voltou para continuar a limpeza... era outra esteticista (?) - aquela não voltou, não deu satisfação e nem se despediu. Fala sério! Fiquei tão chateada que não tive coragem de falar nada depois (mas ainda volto lá pra conversar sobre isso com o gerente).

Prefiro não ficar comentando essas coisas, porque gosto de encará-las como exceção. Mas às vezes acontecem. Hoje mesmo ocorreu algo no meu trabalho que me deixou com a pulga atrás da orelha... "será?" Doeu só de pensar na hipótese. Algumas pessoas com quem conversei a respeito acham que "de jeito nenhum", outras acham que "pode ser". Mas o fato é que eu nunca vou saber, porque nunca me diriam explicitamente, não nesse caso.

Eu tinha muito medo de sofrer preconceito, por mim e por minha filha. Mas agora que "saí do armário" (que revelei às pessoas sobre o vírus), percebi que não é tão terrível assim. Fatos isolados acontecem, mas até é bom saber quem é quem, porque eu não quero mesmo me relacionar com pessoas que têm esse tipo de atitude - sendo comigo ou com qualquer outro ser humano.

E pra quem ainda acha que preconceito não existe, que tal esse texto que tirei da internet hoje? (por favor, segurem seus queixos)

"Embora esse assunto ainda seja pouco comentado, os preconceitos podem ser divididos em dois segmentos: um segmento é maléfico à sociedade e o outro benéfico. O segmento maléfico é constituído de preconceitos que resultam em injustiças, e que são baseados unicamente nas aparências e na empatia. Já o segmento benéfico é constituído de preconceitos que estabelecem a prudência e são baseados em estatísticas reais, nos ensinamentos de Deus ou no instinto humano de autoproteção. Em geral, os preconceitos benéficos são contra doenças contagiosas, imoralidades, comportamentos degradantes, pessoas violentas, drogados, bêbados, más companhias, etc. Na verdade, é muito difícil definir o limite correto entre preconceito maléfico e preconceito benéfico. Por isso, a liberdade de interpretação pessoal deveria ser sempre respeitada." www.renascebrasil.com.br

Então tá...

Se o preconceito está ligado à falta de esclarecimento, é fácil entender porque ele existe no caso das hepatites B e C... afinal, o que é isso mesmo? Elas não são apenas doenças silenciosas nos sintomas; são também silenciosas na sociedade. É só comparar o alarde que está se fazendo com a gripe Influenza A (suína) e comparar com as ações relativas à hepatite, que tem 18 vezes mais infectados que a primeira e também pode levar à morte. Não estou dizendo que não se deve alertar sobre a primeira, mas apenas tentando entender porque não se alerta sobre a segunda?

Mas como não sou de fazer reclamação sem partir para a ação: alerto eu, esclareço eu... e peço ajuda a vocês!

12 comentários:

  1. Oi Flor!!!

    Vou falar "só um pouquinho" ta??
    Sou a Nádia Elizabeth, gaúcha, de Poa postando aqui, já no findi...hehehe
    Entrei pra "te catar"!!
    Sim garota a palavra certa é esta mesma: catar, ou, melhor dizendo, garimpar esta flor para um jardim que estou construindo desde hoje.
    Mas, que raios é isto???
    Ãrrã!!! Te peguei hein?
    Buenas, explico: sou casada com um portador do vírus C, genótipo 3, que se descobriu já cirrótico, tratou com Pegasys (via judicial baratinho baratinho com uma advogada do SIMERS), no 1º semestre/05 e, desde lá vem mantendo a RVS=cura (mesmo que muitos não aceitem esta palavrinha...)
    Por considerar que tivemos um privilégio dentro daquele mísero percentualzinho que se sabe portador resolvemos abraçar esta causa dando continuidade ao Hepatchê Vida - um grupo de apoio aos portadores e familiares fundado em jun/04 numa das muitas vezes em que faltou medicação no RS.

    Entonces minha cara me debruço na criação do site do grupo e mais precisamente estou colocando os links. O teu não pode faltar, certo? Pera que já vou votar lá em cima viu?

    Por enquanto era só isso. Caso queiras bater um papinho me achas aqui, direto, embora offline, mas semprre aqui nadiaecb@hotmail.com :)

    Ah! Também estou no Orkut. Acabei de deixar um recado pra Sandra Regina lá.

    Fora isto nosso e-mail institucional é hepatche@yahoo.com.br

    Tenha um lindo dia hoje e amanhã!

    Bjs

    Nádia Elizabeth

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  2. Flor!
    Quem tem/teve a doença é que tem que estar preocupado (a)com as "higienizações", esterilizações de materiais...afinal, em uma enorme porcentagem, foi por causa de um deslize nessa área é que muitas pessoas contraíram a doença.
    Preocupação agora, é em dobro!
    Você não é obrigada a falar, não.
    Mas tem,sim, o direito de saber COMO é feita uma esterilização de material,por ex.Afinal...gato escaldado...
    Há os dois lados da moeda.
    abraço!

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  3. Nádia, obrigada pela visita e por achar o Animando-C digno de um link no seu site :)!

    Pois é, Eli, no final eu sempre acabo contando, porque eu não confio...

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  4. Eli amiga, saudades...
    Sempre bom te ver independente de onde :)

    Flor, obrigada por responder aqui;
    Peço desculpas sinceras pelo fato de ter colocado o comentário fugindo ao tema do post, mas, na verdade, às vezes sou um tanto quanto imediatista e, sinceramente queria dar o alô esquecendo deste detalhe fundamental de educação :(

    Comecei a divulgar o teu blog aos nossos amigos membros do Hepatchê Vida. Como é recente, ainda não tive feedback, mas, tenho certeza que vão aprovar.

    Quanto a tua colocação "digno de um link" é uma deferência pessoal em reconhecimento ao papel que ele tem e terá na vida das pessoas "tocadas pelas hepatites C" e por que não B? Afinal,estamos todos no mesmo barco e, graças a Deus, já se foi o tempo em que os grupos abraçavam apenas a C...

    Eli e outras amigas sabem o quanto valorizo, pessoalmente, este apoio que pessoas de forma totalmente desprendida prestam via Orkut, via fóruns no Yahoo, pelo MSN, Skype. Enfim. Somos anônimos por este mundão afora cumprindo um papel fundamental no esclarecimento e, acima de tudo no acolhimento:) que, às vezes, não é encontrado no contato com o profissional, no meio familiar, profissional ou mesmo entre amigos...

    Fazemos todos parte do esquadrão de formiguinhas na construção de um amanhã melhor.

    Bom, quanto ao site espero achar o tom certo e que agregue valor. Neste sentido entendo que os relatos de cunho pessoal sob a ótica de quem vivencia enriquecem :)

    Quero também deixar registrado que realmente adorei o formato e a leitura leve que encontrei aqui. Parabéns!

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  5. Florzinha;
    Como ja comentei na comunidade hepatite c já passei muitas vezes pelo constrangimento da falta de informação de amigos e parentes. Inclusive da minha funcionária que nem comia a comida que eu fazia (e a economia gente??? rsrsrs), agora com mais informações sobre o vírus e as formas de contágio ela já se alimenta aqui em casa em maiores preocupações.
    Jamais escondi ser portadora do vírus, mas ouvi uma amiga muito próxima me aconselhar a dizer que eu estava com câncer, pois segundo ela evitaria preconceito (????? eu heimmmm!!!).
    Faço questão de abraçar e beijar todos que encontro e me divirto quando alguém se mostra preocupado com o fato de eu ser portadora do vírus (cá entre nós... quantos deles também são e não sabem?).
    Bjs Florzinha. Amooo de paixão teu blog.

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  6. Oi Flor.
    Eu procuro dizer quando é necessário(apesar de saber sobre a Hepatite a pouco tempo). No dentista eu contei. Ele me falou um monte de história sobre o assunto e sempre pergunta sobre o tratamento. No final a 'gente' sempre tem uma pessoal próxima que esta em tratamento, que se tratou ou aguarda... Mesmo que seja um amigo do amigo. Como a história do "... E eu tenho a B".
    Bjs.

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  7. Eu conto a TODOS. Tipo esfregando na cara. Como a Flor Também não me interessam a amizade de imbecis que tenham esse tipo de preconceito. Mesmo porque passei 25 anos com a dita sem saber, e aí sim, tremo de pensar quem eu posso ter involutariamente contaminado, mesmo porque, nem descartáveis eram tão comuns.
    O preconceito mata. O preconceito fere.
    Quando, na empresa em que eu trabalhava (1600), se descobriu o HIV o primeiro funcionário a manifestar os sintomas de AIDS, uma pessoa aparentemente muito querida e com inúmeros amigos, ele afastou-se para tratar uma das doenças oportunistas. Quando voltou NINGUÉM ( eu não trabalhava no mesmo turno) sequer o cumprimentou com medo. Dizem que várias vezes o viram chorando na mesa sosinh. Uma semana após ele foi embora e morreu em profunda depressão.
    Quando meu chefe apareceu com os sintomas e se afastou, tinha medo de voltar e lhe acontecer o mesmo. Nós mulheres amigas, fizemos um verdadeiro lobby, com direito a murro no nariz, se alguém manifestasse qualquer tipo de preconceito. Ele voltou, ficou durante 2 anos, sempre apoiado e brincalhão como sempre e morreu de ENFARTE!
    Pouco antes dele voltar um idiota que se achava, quando estavamos almoçando, afirmou que ele não devia voltar porque ninguém sequer ia sentar na mesa de restaurante junto a ele.
    Eu perguntei que tipo de virus que passa só depois que se tem conhecimento dele? E que ele tinha n chances maiores de estar contaminado e eu continuava almoçando a sua frente!
    Desculpem o desabafo, mas odeio qualquer tipo de preconceito. E luto com as todas as armas contra quem os tem.

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  8. Segurei o queixo mas não adiantou...e ainda descobri que sou preconceituosa pq acho que ignorantes não deveriam divulgar seus devaneios.
    Valha-nos, e ainda pensar q essas pessoas pensam estar a "serviço" de Deus.

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  9. Perguntar se preconceito existe?
    Eu que o diga. Existe, e não é só contra a hepatite C, todo mundo sabe disso.
    Agora! Pense nessa que aconteceu comigo.
    Em novembro de 2009 tive uma paralizia facial. Estava eu sentada com meu esposo numa clínica para fazer uma Ressonância Magnética, estava de máscara e óculos escuros. A máscara era para a boca não ficar tão exposta e o óculos para proteção máxima do olho e para o tampão também não ficar exposto. Senti sede e meu esposo foi até o gelaágua ou bebedouro como queiram, e pegou um pouco de água. Tomei e ele saiu para pegar água pra ele, e, utilizou o mesmo copo que eu havia tomado água. Gente...Haviam duas mulheres no recinto. As duas olharam uma para outra de olhos arregalado, e, começaram a falar baixinho e comentar com todo mundo que chegava na clínica. Isso sem ter nem noção de qual problema ou doênça eu estava acometida. Fico imaginando o que passará na cabeças daquelas coitadas. Coitadas, porque pessoas assim são umas coitadas, não se preocupam em saber se vc está bem ou mal só querem se distanciar de vc. Para comcluir, caminhei um pouco observando os cartazes nas paredes da clínica, quando retornei elas haviam mudado de lugar estavam sentadas do outro lado. E, continuava comentando o ocorrido com quem chegava á clínica. Pode????

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  10. MEU COMPANHEIRO DE 15 ANOS ME ABANDONOU QUANDO SOUBE QUE EU TINHA HEPATITE C.fOI UM CANALHA COVARDE.

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  11. Ricardo Vinicius Müller13 de novembro de 2011 às 15:41

    Existe muito preconceito!!!Faz um ano que fiquei sabendo q estou com hepatite C, no meu ex-serviço comentei com a minha chefe que estava com a doença, logo toda a empresa ficou sabendo e fui demitido em uma semana, trabalhava na empresan a mais de 2 anos, quando eu chegava perto dos meus colegas, eles sempre arrumavam algo para fazer, saindo de perto de mim.
    Este preconceito não para por ai,neste sabado fui mais uma vez alvo deste contrangimento.
    Faz um mês que comecei a tomar as medicações e com elas vieram varios efeitos colaterais, neste sabado fiquei das 6:00 hs as 8:30 hs mal com ansia de vomito, chegando atrasado na faculdade e o professor já olha com uma cara de espanto pelo meu atraso,eu falo que o atraso é devido a medicação da hepatite C e o professor fala:
    Sai de perto de mim, vc vai me transmitir doença!!
    Dando risada e tapando o rosto.
    Saio da sala chorando e não estou mais com vontade de ir na aula.


    GOSTARIA DE SABER O QUE FAZER
    ????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????

    Apartir de hoje nunca mais irei falar que estou acometido com está doença.

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