Uma em cada 12 pessoas no mundo pode ter hepatite B ou C, sem saber. Não há sintomas e o vírus não é detectado em exames de rotina. Tem certeza que você não tem? Faça o exame, é gratuito.

quinta-feira, 31 de março de 2011

2 anos de Animando-C

Parece que faz tão pouco tempo desde que escrevi aquele primeiro post Começando ou que comemorávamos juntos o primeiro aniversário do Animando-C. E, de repente, o blog completa dois anos!



A verdade é que, ao fazer uma retrospectiva dos últimos doze meses, me alegro ao perceber que temos muitas coisas a destacar, entre elas:





Concursos promovidos pelo Animando-C em 2010:            


Em dezembro de 2010, lançamos o novo layout do blog, com direito à releitura da borboleta da marca Animando-C que simboliza a transformação.


E qual foi o post campeão de acessos no período?


Agradeço pelas 41 mil visitas recebidas no último ano. Pode ser pouco se comparado com blogs de mais visibilidade. Mas é muito se pensarmos que se trata de um blog de nicho bem específico. E mais ainda se pensarmos que 34 mil pessoas passaram por aqui nesse período e compartilharam o alerta da epidemia das hepatites virais.

Ao todo, temos hoje no blog 922 comentários em 168 artigos, o que expressa a ativa participação dos queridos leitores e leitoras.

E é a vocês que participaram lendo, comentando, fazendo contato e divulgando que quero, de coração, dar o maior destaque neste nosso segundo aniversário. Um beijo carinhoso!

Meu carinho também para todos os amigos que conquistei nesse último ano, representados aqui por dois deles, que escreveram recentemente lindos textos sobre o Animando-C em seus blogs:



Obrigada a todos vocês!
E que venha o próximo ano...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Jogo Silencioso - Revista Viver Brasil

Nesta semana, a Revista Viver Brasil alerta para a epidemia silenciosa das hepatites B e C. Na matéria Jogo Silencioso, o repórter Fernando Torres aborda a questão de forma séria e consegue retratar com competência o grave problema de saúde que as hepatites representam.

Gostei muito da ilustração feita por Paulo Wernec, que, remetendo-se ao jogo Pac Man, mostra diversos fantasminhas habitando o fígado.



O meu depoimento pessoal ilustra a matéria com a visão de uma infectada.


Leia a matéria aqui: Jogo Silencioso

Senti apenas pelo fato do blog Animando-C não ter sido divulgado, considerando que foi o meio pelo qual a revista me encontrou e pensando que poderia ser uma fonte de consulta para quem quisesse saber mais sobre o assunto.

Mas tudo bem. O importante é que assunto tão relevante foi levado aos leitores da revista e a Viver Brasil está de parabéns. Agradeço em nome de todos os que lutam para divulgar esse alerta.

quinta-feira, 17 de março de 2011

C sua vida mudasse – Sugestão de leitura

C sua vida mudasse é o tipo de livro que começamos a ler e não conseguimos parar. Nele, o ator Chistopher Kennedy Lawford (sobrinho do ex-presidente estadunidense Kennedy) conta sua trajetória de luta contra a hepatite C. Sua narrativa vem intercalada com as falas da médica Diana Sylvestre, nas quais compartilha sua experiência com o tratamento de pacientes portadores do vírus HCV.

O livro traz diversas informações relevantes sobre a hepatite C, abordadas tanto na ótica do paciente quanto do médico. Mais do que isso, ele nos coloca cara-a-cara com nossos próprios preconceitos.

De modo geral, nossa sociedade não consegue enxergar usuários de drogas como pessoas doentes precisando de tratamento. O livro, que traz vários diálogos entre o Chris sóbrio e o Chris viciado, assim como a vivência da Dra. Diana com pacientes sem-teto, faz com que lancemos um novo olhar sobre essa questão: um olhar mais compreensivo e solidário.

Vale a pena ler!

C_Sua_Vida_Mudasse_hepatiteCC Sua Vida Mudasse
Como o sobrinho do ex-presidente JFK enfrenta a Hepatite C.

Autores:
Lawford, Christopher Kennedy e Sylvestre, Diana.
Editora: Manole, 2010
Assunto: Medicina e Saúde, Medicina, Infectologia

Sinopse: 'C sua vida mudasse' é o resultado da convicção de que a defesa de uma causa pode resultar em boas políticas na área de saúde. Neste livro, Christopher Kennedy Lawford, sobrinho do ex-presidente americano J.F. Kennedy e portador de hepatite C, e a médica Diana Sylvestre, presidente da California Hepatitis Alliance, dialogam com o leitor e contam as próprias experiências, discutindo os medos e as frustrações, o estigma social e outras dúvidas que surgem após o diagnóstico dessa doença crônica, trazendo informações médicas sobre os riscos, os exames médicos necessários, os tratamentos etc. Ambos mostram como encarar as dificuldades e divulgar esses esclarecimentos, oferecendo esperança aos pacientes, amigos e familiares.

Siga @ChrisLawford no Twitter!
Conheça o site oficial.

terça-feira, 8 de março de 2011

Mulheres, fragilidades(?), coragem e hepatite C

Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. Cora Coralina

240px-StoutFigure30type60type_above_the_waist
Domínio Público


Dia Internacional da Mulher. Enquanto muitos criticam a existência da data, eu a defendo por considerar importante celebrarmos um marco na luta contra a desigualdade de gênero.
 
Muitos diriam que tal desigualdade nem existe. Para o pensamento liberal, as oportunidades são iguais para todos e obtém sucesso aquele que mais se esforça e desempenha suas funções melhor que os demais.
Isso explicaria, por exemplo, porque as mulheres são minoria nos mais altos cargos das organizações, já que não se esforçam o suficiente, não querem pagar o preço da carreira e blablabla.

Fato é que as oportunidades não são iguais. E as empresas, na maior parte com suas culturas predominantemente machistas, não valorizam as características femininas, que poderiam trazer tanto ou até mais resultado do que... bem, vocês sabem como funciona o mercado hoje.
Se for mulher, negra e nordestina então... sente na pele três preconceitos velados (às vezes nem tão velados assim).


Mulheres e hepatite C

Além de todas as situações de risco de infecção com o vírus da hepatite C às quais ambos os gêneros estão sujeitos, destaco a seguir algumas susceptibilidades femininas.


  • Nas décadas de 70 e 80, muitas mulheres submetidas à cesariana receberam transfusão de sangue sem seu prévio conhecimento. Estima-se que, por causa das cesáreas, 250 mil mulheres estejam infectadas com hepatite C, sendo que apenas um pequeno número delas está ciente disso. Os dados são do Grupo Unidos Venceremos.


Não custa lembrar que a hepatite C pode não apresentar sintomas por décadas e, não sabendo que receberam transfusão e fazem parte do grupo de risco, essas mulheres têm seu estado de saúde agravado a cada dia, sem nem desconfiarem disso. Foi submetida à cesariana antes de 1993? E sua mãe, foi? Que tal pedirem os exames de hepatite ao médico na próxima consulta?


  • Outro perigo para as mulheres: salões de beleza. Quantas de nós levam seu próprio kit manicure ao salão? Observem que eu disse kit e não apenas alicate, o que inclui espátula, pauzinhos, esmaltes (já aproveite para levar a lixa também e evitar fungos). O vírus da hepatite C sobrevive até 72 horas fora do sangue e só é eliminado com a esterilização adequada: 170°C durante 1 hora completa, num equipamento perfeitamente regulado. Você confia que seu salão faz isso a cada cliente? Eu não. Por isso levo tudo. Pra que brincar com uma coisa tão séria, né? Leia mais sobre isso em: Hepatite no salão de beleza.

Só para lembrar de novo: a hepatite C é responsável pela maior parte dos transplantes de fígado no Brasil e no mundo, e muitas pessoas morrem na fila.


Fragilidade

Fala-se que as mulheres são o sexo frágil, mas encontro um problema conceitual aí: confunde-se sensibilidade com fragilidade, que são duas coisas diferentes. Ou, ainda mais grosseiramente, referem-se à menor força física em relação ao homem, mas uma rápida visita ao dicionário nos mostra que não cabe falar sobre fragilidade em oposição à força.

Na semana passada, em entrevista à Ana Maria Braga, a presidenta Dilma Rousseff disse algo muito significativo em relação a isso: 

“Você já viu algum homem que chega à direção do país ser chamado de duro? É porque são homens. É esperado da mulher uma fragilidade fora do comum. A mulher pode ser fisicamente mais frágil, mas não necessariamente é menos forte do que o homem por dentro.” Dilma Roussef 01/03/2011

Sinceramente, considero impossível associar a palavra fragilidade à maternidade - incluindo a sala de parto, que muito marmanjo não consegue encarar nem como acompanhante. Depois disso, dispensam-se outros argumentos.


640px-Old_zacatecas_lady
Tomas Castelazo


Força e coragem


Devido ao meu trabalho aqui no blog, acompanho o tratamento de muitas mulheres com hepatite C e vejo como elas se desdobram para encarar os efeitos colaterais dos medicamentos e continuarem sendo os pilares de suas famílias.

E mais: vejo mulheres que não têm hepatite C fazendo o tratamento junto com seus maridos e filhos, lado a lado, lutando, apoiando, incentivando. Ouso dizer que, em muitos desses casos, elas são o fator decisivo para a adesão ao tratamento.

Quero citar o exemplo da querida Eliane, que conheci no orkut e tive o privilégio de encontrar pessoalmente em uma das minhas viagens à Porto Alegre: uma leoa durante o tratamento da Nathi, sua jovenzinha e linda filha.

Eliane comigo em 2009 (eu ainda abatida após fim do tratamento)

Parabéns a todas essas guerreiras, que, como disse Cora Coralina, passam a vida removendo pedras e plantando flores.