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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Hepatite C e o seu precioso tempo

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Quando meu tratamento da hepatite C fracassou [leia aqui], meu tempo tornou-se escasso. Não porque eu ache que vá morrer logo (não vou!), mas porque aprendi o quanto cada dia é precioso. As palavras do escritor Mário Pinto de Andrade, que compartilho abaixo, não poderiam se encaixar mais perfeitamente no jeito que busco viver.

Se às vezes os problemas do dia-a-dia tendem a afastar-me disso, esforço-me para lembrar que estou aqui a passeio e quero curtir o que é essencial. 

E o seu tempo, é precioso também? Como você o tem vivido?

CC Juliana Pinto

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!


Mário Pinto de Andrade
Escritor e político angolano (1928-1990)

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