Adoro escrever, mas blog é a primeira vez.
Gosto de registrar em diário meus sentimentos, reflexões... tenho a impressão que aprendo mais com as experiências quando escrevo sobre elas. Também gosto de ter a possibilidade de relembrar coisas já esquecidas, relendo-as, revivendo os sentimentos. Assim aprendo mais um pouco.
Quando comecei meu tratamento em novembro de 2008, pensei: "Vou começar um novo diário". Minha mãe até me deu um caderno lindo para isso. Mas não escrevi uma linha. Achei que essa parte de minha vida eu não ia querer reler, relembrar, reviver.
Estava errada.
Porque o tratamento foi um marco.
Dizem que quando se descobre uma doença grave, a pessoa passa a ver a vida com outros olhos. Em meu caso, essa mudança não ocorreu no diagnóstico, mas no início do tratamento, três anos depois.
E eu que esperava "aquela SENHORA" depressão - um dos efeitos colaterais mais comuns, principalmente em pessoas com predisposição genética, como é o meu caso - estou vivendo um momento incrivelmente feliz.
E não é por minha resposta ao tratamento, não.
Pra falar a verdade, praticamente 5 meses após o início, já sei que não sou boa respondedora e que minhas chances dessa vez não são muito boas. Mas tudo bem... estou encarando isso bem animada. Meu médico até brincou que o remédio causa um efeito inverso em mim.
Mas eu DECIDI que vou VIVER BEM, independente do que possa acontecer. Vou ser feliz e quero compartilhar essa alegria com as pessoas a minha volta.
Ok, até parece que o tratamento está sendo moleza. Não vou mentir: é difícil. Faz 5 meses que me sinto "doente". Os efeitos colaterais são bem danadinhos e às vezes fico de saco cheio daquela injeção semanal, que me "derruba" no dia seguinte.
Mas não é assim tão terrível como parece. Depende de pessoa para pessoa, mas não é o fim do mundo. Estou conseguindo trabalhar bem (é claro que num outro ritmo, reconhecendo ainda os novos limites do meu corpo) e isso tem me feito muito bem pra cabeça.
Quem não me conhece pode até pensar que sou muito conformada. Que nada! Eu guerreio contra essa doença! Faço tudo o que está ao meu alcance. E me esforço ao máximo para ficar bem e parecer bem (mulheres, uma boa maquiagem faz milagres e o cabelo curto pode ser bem charmoso - ninguém precisa saber que você cortou porque estava caindo muito).
Muitos conhecidos nem percebem o que está se passando. Até elogiam que estou mais magrinha (rs). E se às vezes pareço meio abatida, quem não fica assim de vez em quando? Fora que sempre tem um engraçadinho cogitando se não estou grávida... he he.
Compartilhei sobre a doença apenas com as pessoas mais amigas, com aquelas que acompanham esse momento comigo: meus familiares mais próximos, meus colegas de trabalho, minhas amigas queridas. Tinha dúvidas se deveria contar, mas foi a melhor coisa que fiz! É incrível a força que as pessoas nos dão - e também é importante a compreensão delas na hora que não estamos muito bem ou que dizemos a coisa errada na hora errada.
Sabe aquele botãozinho que faz a gente morder a língua antes de falar alguma coisa que pensamos? Pois é, o tratamento deixa ele com defeito.
Aí já viu... coitadinha da minha sogra e dos colegas que trabalham diretamente comigo. Estou assim, digamos, SUPER SINCERA. E isso nem sempre é muito bom (rs).
Mas eles têm sido bem compreensivos, porque sabem pelo que estou passando. Procurei desde o início informá-los ao máximo: é preciso que as pessoas conheçam essa doença, afinal, 95% dos infectados nem sabem que a tem!
Acho que já falei demais para a primeira vez. Mas vamos que vamos!
Como diz um colega que gosto muito, "a luta continua".