Minha chance de sobreviver àquela pneumonia era mínima e a possibilidade de ficar com sequelas, inclusive neurológicas, era muito grande. Diante daquele cenário, a hepatite C nem é assim grande coisa (rs).
Mas a hepatite não foi a única consequência. Minha capacidade pulmonar não é das melhores (retirada a maior parte do pulmão esquerdo, ele regenerou-se cheio de cicatrizes). Ficou também um trauma de situações que envolvem agulhas e procedimentos cirúrgicos - natural, né?
E fiquei com um desvio na coluna, causado pela má postura decorrente da dor.
O que eu fazia era colocar a mão direita sobre o local da cirurgia (hoje uma senhora cicatriz na lateral esquerda do tronco, na altura dos seios) e inclinava o corpo para a esquerda, como que protegendo a região.
Dependendo da roupa que uso, dá pra ver parte da cicatriz. |
A esq., como boa brasileira, minha lordose (bumbum empinado). À dir., a escoliose. |
A escoliose foi diagnosticada quando eu tinha uns 12 anos, mas o ortopedista consultado disse que não havia muito o que fazer. Se tivesse feito Reeducação Postural Global (RPG) na época, provavelmente teria "endireitado" (por que não fiz? Porque imagino que não era muito difundida).
Agora já não tem conserto, mas a RPG e exercícios físicos direcionados podem desenvolver minha consciência corporal e fortalecer certas musculaturas que compensem a "tortura" da coluna.
Hoje minha escoliose é vista a olho nu. Se eu ficar reta (ao menos, o que é reto pra mim), dá pra perceber facilmente que sou muito mais acinturada de um lado que do outro.
Se eu sinto dor? Geralmente não. Mas desde o ano passado, quando faço exercícios físicos, sinto um pouquinho a lombar. Eu descreveria como uma "dorzinha", um desconforto, só que é persistente.
Consultei esse ano um neurocirurgião para cuidar da minha coluna. Neurocirurgião??? Pois é, neurocirurgião. Cheguei lá super descrente, mas ele confirmou que eu estava no lugar certo, porque essa é a especialidade médica indicada para o tratamento da coluna - e não a ortopedia como eu acreditava.
Fui encaminhada para a Reeducação Postural Global (RPG).
Já havia feito alguns meses em 2005, mas durante o processo eu descobri a hepatite C e minha atenção voltou-se para ela, depois para a gravidez, depois para o tratamento da hepatite e, agora, a coluna volta a ser cuidada. Procurei o médico com medo que a escoliose continuasse evoluindo e aí sim eu pudesse ter problemas... e dor.
Segundo o neuro, não ocorrerá evolução. Mas posso sim ter problemas se não cuidar, como uma artrose bem antes do tempo.
Amanhã faço a minha 6ª sessão de RPG. Até que é gostoso, mas exige uma boa dose de sacrifício esforço.
Gosto muito da minha Rpgista, a Fahrida Leal, que além de querida é muito competente e daquelas profissionais que demonstram saber bem o que estão fazendo - acreditem, isso não é muito comum aqui em Brasília, que, de modo geral, carece de qualidade em todos os tipos de serviços, inclusive na área de saúde. Gosto que ela me explique o porque dos exercícios, seus objetivos etc (sou curiosa e intrometida) e, principalmente, gosto de seu otimismo que vai me deixar com uma cinturinha linda.
Enfim, continuo com meu projeto de cuidar de mim mesma e primar pela minha saúde e qualidade de vida. Tem custado tempo, tem custado dinheiro e implicado certo esforço. Mas o resultado... não tem preço!