Uma em cada 12 pessoas no mundo pode ter hepatite B ou C, sem saber. Não há sintomas e o vírus não é detectado em exames de rotina. Tem certeza que você não tem? Faça o exame, é gratuito.

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quarta-feira, 19 de julho de 2017

Empregador pode pedir exame de hepatite?

Nenhuma empresa/instituição pode obrigar o trabalhador (ou candidato a emprego) a fazer exames de hepatite. Nem tampouco pode exigir ter conhecimento do resultado. Você tem o direito de manter sigilo sobre sua condição de saúde. Não existe profissão que não possa ser exercida por um portador de hepatite B ou C e, portanto, não há justificativa para que o exame seja solicitado.



A base legal que fundamenta essa questão foi muito bem discutida no artigo "É ilegal pedir exame de HIV no admissional?", escrito por Marcos Henrique Mendanha para o site Saúde Ocupacional. Como mencionado no próprio artigo, a legislação brasileira é mais avançada em relação ao HIV que outras doenças similares devido à repercussão que o tema provoca - e eu acrescentaria que também pela mobilização das ONGs em defesa dos portadores de HIV nas décadas anteriores. Mas a Justiça Brasileira têm dado às outras doenças de transmissão por meio de sangue tratamento análogo ao do HIV. Confira as informações abaixo e, no caso de discriminação, procure o Ministério Público.


É ilegal pedir exame de HIV no admissional?





Quando se fala na solicitação de sorologia para HIV em exames relativos ao trabalho, a polêmica facilmente se instaura.
Pela efervescência da matéria sobram normativas entre as quais citamos algumas:
Portaria 1.246 / 2010 do Ministério do Trabalho e Emprego, Art. 2º: “Não será permitida, de forma direta ou indireta, nos exames médicos por ocasião da admissão, mudança de função, avaliação periódica, retorno, demissão ou outros ligados à relação de emprego, a testagem do trabalhador quanto ao HIV.
Parágrafo único: O disposto no caput deste artigo não obsta que campanhas ou programas de prevenção da saúde estimulem os trabalhadores a conhecer seu estado sorológico quanto ao HIV por meio de orientações e exames comprovadamente voluntários, sem vínculo com a relação de trabalho e sempre resguardada a privacidade quanto ao conhecimento dos resultados.”
Nosso comentário: essa portaria foi emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, e é direcionada apenas aos que estão sujeitos à relação de empregoMas o que é relação de emprego? Trata-se de uma relação de trabalho que está calcada no regime celetista (CLT), como estabelece com seus empregados a maior parte das empresas. Os servidores públicos estaduais e municipais, por exemplo, podem estar submetidos à estatutos próprios que são omissos quanto a esse tema. Nesses casos essa portaria não teria validade (a menos que fosse objeto de discussão judicial ou administrativa, onde os efeitos dessa portaria fossem requeridos por analogia). Nesse sentido, veio a seguinte decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul:
EMENTA: “AGRAVO DE INSTRUMENTO — AÇÃO CIVIL PÚBLICA — CONCURSO PÚBLICO DE FORMAÇÃO PARA SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR — TUTELA ANTECIPADA — PRESENÇA DA VEROSSIMILHANÇA DO DIREITO ALEGADO — EXIGÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE EXAME DE HIV — ATO DISCRIMINATÓRIO — PERIGO DE DANO DE DIFÍCIL REPARAÇÃO — PREJUÍZO ÀS PESSOAS PORTADORAS DO VÍRUS — MANUTENÇÃO DA DECISÃO SINGULAR — RECURSO IMPROVIDO.” (AGV 1257 MS 2008.001257-3)
Obs.: para os servidores públicos federais já existe a Portaria Interministerial 869 / 1992:
Portaria Interministerial 869 / 1992: “Proíbe, no âmbito do Serviço Público Federal, a exigência de teste para detecção do vírus de imunodeficiência.”
Na mesma esteira, vem a Resolução 1.665 / 2003 do Conselho Federal de Medicina, Art. 4º: “É vedada a realização compulsória de sorologia para HIV.”
Um aspecto jurídico importante quanto ao tema veio em setembro de 2012, quando o TST enunciou a Súmula n. 443, que assim expressa:
“Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.”
Observamos que esta súmula presume como discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. No nosso entendimento, trata-se de uma presunção relativa, e, portanto, admite prova em contrário (juris tantum). Assim, caberá à empresa fazer essa prova.
Imaginemos: como uma empresa, que porventura tenha solicitado o teste de HIV (por intermédio de seu Médico do Trabalho/“Médico Examinador”) a um dos seus trabalhadores provará que não agiu com discriminação, sabendo que a simples solicitação desse exame já constitui um ato discriminatório e ilegal (nos termos da legislação exposta neste tópico)? Fica difícil. Nesse caso, o teste de HIV, na nossa opinião, pode ser a prova documental de que a empresa foi sim discriminatória, e portanto, esse trabalhador poderá, oportunamente, pleitear sua reintegração (e até sua estabilidade definitiva) no emprego, nos termos da Súmula n. 443 do TST.
Lembremos que o Médico do Trabalho/“Médico Examinador”, age como se empresa fosse, conforme interpretação extraída do art. 932, inciso III, do novo Código Civil. Casos como o narrado podem também ensejar indenizações por dano moral. Se a empresa for condenada a indenizar o trabalhador em virtude do dano moral causado por uma conduta ilegal e discriminatória do Médico do Trabalho/“Médico Examinador”, oportunamente, o empregador poderá entrar com uma ação futura contra esse médico no sentido de reaver a indenização paga ao empregado (ação regressiva — art. 934 do Código Civil).
Pelas normativas e riscos expostos, concluímos que não se deve solicitar sorologia para HIV de forma compulsória, em nenhuma hipótese.
Algumas perguntas são freqüentes sobre o tema:
a) No exemplo de um instrumentador cirúrgico: não há o risco de contaminação dos pacientes, caso ocorra um acidente com perfurocortante, e esse instrumentador seja HIV positivo? O Médico do Trabalho / “Médico Examinador” não deveria pedir o teste de HIV no exame admissional para os instrumentadores cirúrgicos?
R.: Há um incontestável risco de contaminação de pacientes, caso ocorra um acidente com perfurocortante envolvendo um profissional que seja HIV positivo (seja instrumentador cirúrgico, seja o próprio médico, etc.). Nossa legislação, no entanto, entende que apesar do risco evidente, não há fator impeditivo para que este profissional exerça a função de instrumentador cirúrgico, apenas pelo fato de ser HIV positivo. A razão é compreensível: que tipo de cuidado diferente para se evitar um acidente com perfurocortante tem o trabalhador que é HIV positivo, quando comparado a um trabalhador que tem sorologia desconhecida? Absolutamente nenhum! A prevenção deve seguir o mesmo rigor, para TODOS os trabalhadores (independente da sorologia). Dessa forma, a solicitação do teste de HIV é proibida, inclusive para trabalhadores da área da saúde, sob pena de ser qualificada como conduta discriminatória. Para reflexão: já imaginaram se todos os pacientes tivessem o direito de exigir sorologia de HIV, Hepatite, etc., para os cirurgiões que os fossem operá-los?
b) Voltando ao exemplo de um instrumentador cirúrgico, caso já tenha ocorrido o acidente com perfurcortante, mas não há confirmação que este instrumentador seja HIV positivo: poderá esse trabalhador se recusar a fazer o teste anti-HIV, caso solicitado?
R.: Sim. Vejamos o que diz o Manual de Condutas em Exposição Ocupacional à Material Biológico do Ministério da Saúde:
“A solicitação de teste anti-HIV deverá ser feita com aconselhamento pré e pós-teste do paciente-fonte com informações sobre a natureza do teste, o significado dos seus resultados e as implicações para o profissional de saúde envolvido no acidente.”
E continua:
“A recusa do profissional para a realização do teste sorológico ou para o uso das quimioprofilaxias específicas deve ser registrada e atestada pelo profissional.”
Percebemos que o próprio Ministério da Saúde considerou a possibilidade de recusa do profissional para realização do teste de HIV. Tanto assim, que preconizou o início da quimioprofilaxia preventiva em casos de acidentes com perfurocortantes, mesmo sem a certeza quanto à sorologia do paciente/trabalhador-fonte.
Pelo exposto, perguntamos também: de acordo com o Protocolo do Ministério da Saúde, qual a diferença de conduta pós-acidente quando se tem conhecimento que o paciente/trabalhador fonte é HIV positivo, quando comparamos com uma situação onde não se conhece a sorologia do paciente/trabalhador fonte? De novo, absolutamente nenhuma! A quimioprofilaxia preventiva será realizada, de igual forma, nos dois casos.
Ora, se despirmos honestamente de todos os nossos preconceitos, fica fácil entender porque a solicitação de HIV de forma compulsória é proibida, mesmo para trabalhadores que atuam em ambiente hospitalar: se as prevenções pré-acidentes e as condutas pós-acidentes são as mesmas para trabalhadores e pacientes HIV positivos, ou com sorologias desconhecidas, a ausência do conhecimento prévio da sorologia não gera prejuízo, nem na prevenção do acidente, nem nos procedimentos pós-acidentes. Qual seria a justificativa da obrigatoriedade da solicitação da sorologia de HIV, se não a justificativa discriminatória?
c) Solicitar exame para hepatite também é proibido?
R.: O tema HIV, por toda repercussão que provoca, conseguiu ser mais legislado do que outras situações de saúde. Nosso entendimento, é que a análise de hepatite, e todas as doenças de transmissão através do sangue, sejam feitas de forma análoga a análise do HIV, parcimoniosa e dentro do maior bom senso e discrição possíveis. Só não valem condutas discriminatórias!
d) Já que não é permitido pedir sorologia para HIV nos exames relacionados ao emprego, isso implica dizer que um trabalhador HIV positivo sempre estará apto ao trabalho?
R.: De forma alguma! O que a legislação entende é que não é pela sorologia de HIV que se define o “apto” ou “inapto”. Apenas isso. Agora, se o quadro clínico do trabalhador estiver incompatível com sua função, ele certamente deverá ser considerado “inapto” ao trabalho, sob pena de estar havendo omissão e negligência do Médico do Trabalho / “Médico Examinador” ao expor esse empregado à condições incompatíveis com seu quadro, condições estas que podem oferecer riscos ao próprio empregado.
Percebam: a inaptidão pelo empregado estar debilitado clinicamente é permitida (e necessária). Já a inaptidão apenas pelo fato do empregado ser HIV positivo (mesmo gozando de boas condições de saúde) é discriminatória, nos termos da legislação em vigor. Assim julgou o Tribunal Regional do Trabalho, do Rio Grande do Sul:
EMENTA: “RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DANO MORAL. DESPEDIDA DISCRIMINATÓRIA. Hipótese em que demonstrado que a despedida resultou de ato discriminatório. Recurso desprovido”. (RO 0467-07.2010.5.04.0611)
No processo acima, a reclamante apresentou um atestado médico constando o CID B24 (HIV). Pouco mais de uma semana depois recebeu aviso-prévio, o qual, no entanto, foi anulado, pois o exame demissional a considerou “inapta”. A auxiliar foi encaminhada ao INSS. Como teve o requerimento de auxílio-doença indeferido, a reclamante recebeu novo aviso-prévio, o qual foi formalizado, após esta ser considerada “apta” para demissão em exame realizado por outro médico. Os desembargadores consideraram correta a sentença e o valor indenizatório, arbitrado em 8 mil reais. Para eles, os fatos demonstraram que a dispensa foi discriminatória, pois não houve sequer alegação da ré de que foram despedidos outros empregados, ou de que a despedida da trabalhadora decorreu de alguma justificativa econômica ou financeira.
Concluindo: por mais controverso que pareça aos olhos de muitos profissionais da saúde (médicos, inclusive), as leis brasileiras entendem que o fato do indivíduo ser HIV positivo não o impede, só por essa circunstância, do exercício de QUALQUER função laboral. Seja no serviço privado, ou serviço público federal (conforme normativas acima), a solicitação rotineira e obrigatória de teste para detecção de HIV configura-se como prática discriminatória. Na mesma esteira veio a Lei 12.984/2014, que assim colocou:
Art. 1 – Constitui crime punível com reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, as seguintes condutas discriminatórias contra o portador do HIV e o doente de aids, em razão da sua condição de portador ou de doente: (…)
II – negar emprego ou trabalho;
III – exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego;
IV – segregar no ambiente de trabalho ou escolar; (…).
Leia também: Recomendação CFM n. 07/2014 (Recomenda a adoção de procedimentos, cuidados, tratamentos e precauções aos médicos vivendo com HIV ou com AIDS, assim como seus direitos.)

terça-feira, 22 de julho de 2014

HIV? Crianças? Vamos ajudar?

É um grande desafio viver com hepatite C. Mas às vezes penso que viver com HIV/Aids deve ser ainda mais difícil, por causa do grande preconceito que ainda hoje existe em nossa sociedade. Uma pena. Fico pensando nas crianças e adolescentes infectados, aprendendo desde cedo a conviver com ambas as coisas: as dificuldades da doença e o preconceito dos ignorantes.

No ano passado, conheci o trabalho da ong Vida Positiva que presta assistência social à crianças e adolescentes que convivem com o HIV. Um trabalho muito bacana e feito com muito amor e dedicação. E, como qualquer trabalho do tipo, que não conta com o apoio do governo, passa sempre por dificuldades financeiras.

Como você pode ajudar? Sendo voluntário, doando dinheiro ou comprando a farofa D-E-L-I-C-I-O-S-A que eles produzem - recomendo a de biscoito e a de chocolate. Sério? Farofa de chocolate? Vai por mim, é tudo de bom! Aliás, que tal na Páscoa ou final de ano na sua empresa trocar o panetone por essas farofinhas do bem, que já vem numa embalagem presenteável? #ficadica

Se você mora em Brasília, também pode doar itens para o Garage Sale que vai acontecer no próximo dia 06 de setembro. Participe e ajude a divulgar! Essa causa, eu assino embaixo.


ONG Vida Positiva
3034-0040 (9h às 18h) / 9944-8932



Curta, compartilhe e ajude!
Conheça mais sobre o Instituto em nosso blog e na nossa página do Facebook.

Doações
Caixa Econômica Federal
Agência: 1041
Conta: 385-0
Operação: 003
CNPJ: 085686010001-07

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Falando francamente sobre camisinha

Um dos vídeos vencedores do Concurso Um Minutinho - 2010

O carnaval está chegando e, nesta época do ano,  intensificam-se as campanhas pelo uso da camisinha. Mas porque é necessário gastar tanto em campanhas se já estamos cansados de saber que o uso de preservativo é a única forma segura de prevenir doenças sexualmente transmissíveis?


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A resposta é simples: porque mesmo sabendo disso, e mesmo não querendo adquirir doenças graves como Aids e hepatite B, muitas pessoas não usam camisinha em suas relações sexuais, fortuitas ou não.

Nosso amigo Plutonauta, observando a Terra lá de Plutão, deve ficar confuso diante desse fato curioso: se as pessoas primam pela manutenção de sua vida e se têm o conhecimento necessário para fazê-lo, por que arriscam-se dessa forma? É o que vamos discutir agora.


1. Falando a verdade: Usar camisinha é ruim

O médico infectologista David Uip, em entrevista à IstoÉ, faz uma afirmação forte, mas tão importante quanto verdadeira: usar camisinha é ruim, assim como usar droga é bom.

Veja o que ele diz:
A Adriane Galisteu, que começou uma campanha beneficente, A Cara da Vida, para ajudar pacientes com Aids, fala uma coisa com a qual concordo plenamente. Temos que começar a falar a verdade. Camisinha é ruim. Droga é bom. Não adianta negar. Adriane diz publicamente que seu irmão morreu vítima da Aids e se contaminou com uso de drogas injetáveis. (Dias antes de morrer, o irmão da apresentadora pediu a ela que nunca experimentasse drogas, porque poderia gostar). Quando ela me contou desse pedido, inseri no contexto do que eu penso. Não venha dizer que camisinha é bom porque não é. E não adianta você dizer para um usuário de drogas que droga não é bom. É bom, mas mata, tenho que avisar. Sou visceralmente contra o uso de qualquer droga ilícita. Mas a conversa com a Adriane me fez refletir muito. Porque é verdadeira.Vou dizer para o usuário que não é legal ter barato? Ele vai dizer que eu digo isso porque nunca usei. Então temos que falar a verdade.

Se fosse bom usar camisinha, não precisaríamos de campanhas - convenhamos, nunca foram necessárias campanhas como "Coma chocolate" ou "Faça sexo".
Leia mais um trecho da entrevista com o Dr. David Uip:

Droga é bom? É, mas vai te matar. Camisinha é bom? Não, mas, se você não usar, pode morrer. Essa é a história. Não adianta advogar prazer, fetiche numa coisa que não tem. São situações desconfortáveis, mas necessárias. David Uip - leia a entrevista na íntegra.

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2. Não usar camisinha é, culturalmente, uma prova de confiança

No início dos relacionamentos, o uso do preservativo é até um pouco mais aceitável. Mas o que vemos é, a medida que as pessoas vão tornado-se mais íntimas, confiando mais no outro e sentindo-se mais seguras na relação, geralmente adotam a pílula e abandonam o uso da camisinha.

As perguntas que me faço (sim, me faço, pois também já fiz isso na vida algumas vezes) são:


Questão 1: A pessoa pode estar infectada sem saber
 
O fato de eu confiar no meu namorado ou namorada, de sermos íntimos e termos uma relação super legal, muda algo caso ele (ou ela) seja portador dos vírus HIV, HPV ou da hepatite B sem saber disso?  Ele(a) não está me enganando. Ele(a) apenas não sabe. Pense nisso:

  • 95% dos infectados com hepatite B no mundo desconhecem seu diagnósticoSaiba mais.
  • No Brasil, metade das pessoas infectadas com HIV nem imagina que tem o vírus. Saiba mais.
  • Estudos no mundo comprovam que 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Saiba mais.

Seria suficiente então os dois parceiros realizarem os exames e, em caso de todos terem resultado negativo, abolirem a camisinha? Não, não seria, porque...

Motivo 1: Janela imunológica. Leia mais sobre isso aqui.
Motivo 2: Você confia na pessoa 100% a ponto de colocar sua vida nas mãos dela? - e esta é a nossa segunda questão.


Questão 2: Sobre traição

Você confia 100% em seu parceiro, a ponto de colocar sua vida nas mãos dele?
Estou até vendo os leitores românticos balançando a cabeça afirmativamente. Acho lindo. Mas preciso dizer: vocês não deveriam fazer isso.

Todos os seres humanos são falíveis. Todos podemos cometer erros. Às vezes agimos por impulso e, bem… todos temos hormônios. O mais perigoso deles chama-se testosterona.
Não vou aqui  fazer aquela afirmação generalizada de que todos os homens traem, porque não acredito nisso. Mas também não sou ingênua: sei que todos os homens tem um potencial enorme para trair. E muitas mulheres também.
Tudo depende de uma conjunção de fatores e não entrarei nesse mérito, pois não sou especialista no assunto. Se quiser saber mais, confira o link ao final deste post.

As estatísticas mostram que é cada vez maior o número de mulheres casadas infectadas com o vírus HIV.

Momento puxão de orelha: homens, não estamos julgando vocês em traírem, mas será que dá pra colocar a mão na consciência e prevenir-se ao fazer isso?

Não só as casadas estão mais vulneráveis. O número de mulheres de 15 a 24 anos infectadas com HIV vem crescendo alarmantemente no Brasil. É por isso que a campanha do Ministério da Saúde para o Carnaval 2011, lançada ontem, é voltada para o público feminino jovem.

sem camisinha não dá

A campanha tem vídeos sobre o antes, durante e depois do Carnaval. Um de seus pontos fortes é justamente o incentivo à testagem. Pena que a referência ao teste de hepatite apareça apenas na legenda (pôxa vida, hein @minsaude?), mas pelo menos aparece.


fique sabendo
Olhando assim, nem parece que o nome do Departamento é DST-Aids e hepatites virais.


Mas, críticas à parte, adorei a campanha.



Não precisa ser como a Lady Gaga e vestir-se toda de preservativo. Mas gente, precisa usar camisinha. Confiando ou não confiando no parceiro. Parecendo ele saudável ou não.

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Fonte: Lady Gaga em seu traje de preservativo

Espero que as gerações mais jovens não tenham o mesmo descuido que as nossas gerações têm, de modo geral, com o uso da camisinha.  Queria que, para eles, a expressão “é como chupar bala com papel” fosse a coisa mais sem sentido do mundo. Mesmo porque, pra quem sabe fazer direitinho, camisinha não atrapalha em nada. ;)


Outras fontes de consulta:

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Relacionamentos, hepatite C, HIV: em que hora contar?

Eis uma questão tão delicada quanto controversa: você tem uma doença infecciosa e está começando um relacionamento com alguém.
Pode ser uma relação casual, de uma noite; pode ser um relacionamento duradouro, de uma vida. O fato é que, nesse momento inicial, nem sempre se distingue uma coisa da outra.

Jogo de sedução: olhares, gestos.
Beijos ardentes, mãos percorrendo corpos, corpos invadindo mentes.
Sede, desejo incontrolável. Brincando de tatear limites, de avançar limites, de derrubar limites. Limites? Vão ficando pelo caminho, junto com cada peça de roupa jogada ao chão. Respiração, cheiros, gostos. Desejo.

Definitivamente, este não é o melhor momento de contar.

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Francesco Hayez - Domínio Público

Nada mais óbvio do que começarmos do princípio: você tem mesmo a obrigação de contar? Não, não tem.

Imagino que alguns leitores, provavelmente aqueles com sorologia negativa, devam estar questinando essa afirmação. Como não tem a obrigação de contar? O outro tem o direito de saber e decidir se quer correr o risco!

Aí está o cerne da questão: risco. Ninguém tem a obrigação de contar que tem essas doenças, mas TEM A OBRIGAÇÃO de tomar TODOS os cuidados necessários para que não haja riscos. E, não os havendo, a questão do direito de decisão de corrê-los perde o sentido.

Pausa para lembrar que a hepatite C não é considerada uma doença sexualmente transmissível mas que, em alguns casos raros, a infecção pode dar-se por essa via.  Saiba mais em:

Ouvi alguém aí falar sobre obrigação moral? Sim, chegamos então a outro ponto chave. Revelar ou não é uma decisão de foro íntimo.

Se a relação evoluir, tornar-se mais séria, uma hora ou outra você precisará contar. Porque não dá pra construir uma relação sólida sem honestidade e cumplicidade, não é mesmo? E aí, se você não contou no início, terá um problema agora: como contar?

Como contar para aquela pessoa que você ama que você omitiu dela algo tão sério? Coragem, cadê você? E o medo da pessoa sentir-se traída? E o medo de ser abandonado? Existem casos de casamentos marcados, data aproximando-se, e a pessoa simplesmente não consegue contar. Mas precisa. Nesse caso, precisa.

Talvez a melhor forma de evitar essa situação seja contar desde o início.
Mas atenção: "desde o início" não quer dizer "Oi, muito prazer, eu tenho hepatite C". Oi? Dá uma chance pra pessoa te conhecer antes, né? E saber o quanto você é encantador ou encantadora (rs). 

Acredite em mim: tem gente que não vai se importar.

Mas existirá também gente que se importará. Posso dizer sinceramente o que acho? Que isso sirva também como triagem pra você: pense se gostaria de ter um relacionamento com alguém assim. Eu não…

A minha dica é a seguinte: não saia contando pra todo mundo por aí. Conte para as pessoas que realmente merecem. Falo bastante sobre isso no post:

Quando for contar, cheque se a pessoa tem conhecimento a respeito, dê informações, ofereça folhetos, indique sites (este blog, por exemplo), convide para uma visita a um infectologista.

O post Namoro e HIV: contar ou não contar do blog Diante da Vida traz algumas dicas. Já aviso que é um blog gay, se tiver preconceito, nem entre.


Minha experiência


Nos últimos tempos, tenho falado abertamente sobre a hepatite C, mas só o faço depois que a pessoa me conhece e tem um conceito já formado a meu respeito*. Explico sobre a doença, sobre as formas de contágio, sobre o grave [e silencioso] problema social  que ela representa, e divulgo o blog.

*Refiro-me a relacionamentos sociais de modo geral, já que não tenho assim
muita experiência em relacionamentos amorosos após a descoberta do vírus.

Por que eu falo? Pela causa que represento: levar às pessoas informações sobre a epidemia das hepatites virais, alertando-as sobre prevenção e incentivando-as a fazerem o exame.
É uma escolha minha, que tem a ver com os meus princípios e crenças. Me exponho, é verdade, e arco com as consequências disso.
Se eu acho que você deve se expor? Já falei sobre isso lá em cima: conte apenas para quem merece.
De certo modo, é o que faço, mas digamos que o meu conceito anda bem ampliado… rs.

Recomendo a leitura:

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Luta contra a Aids: preconceito e prevenção


Dia 1º de dezembro é o Dia Mundial de Luta contra a Aids.
Para marcar a data, o Ministério da Saúde lançou hoje campanha com o mote: viver com aids é possível, com o preconceito não. Entre as ações, fotos carinhosas de jovens soropositivos com artistas famosos:

Rodrigo Santoro
Adriana Esteves

Gostei muito da campanha direcionadas às redes sociais: www.todoscontraopreconceito.com.brDiante disso, mal posso esperar para ver a campanha do próximo 28 de julho, Dia Mundial da Hepatite. #recadinho


Em 2009, escrevi sobre o Dia Mundial de Combate a Aids focando o preconceito, refletindo sobre os meus próprios:


Neste ano, quero falar sobre prevenção, ressaltando um importante fato ocorrido no final de novembro: o reconhecimento por parte do papa Bento 16 que o uso da camisinha pode ser justificado em algumas situações. Ufa! Já não era sem tempo, né?

Embora o Vaticano tenha tentado relativizar a questão, dizendo "não haver mudança revolucionária" quanto à posição da Igreja Católica sobre a camisinha, considero que tenha sido sim um avanço na luta contra a disseminação do HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, como a hepatite B.

Que fique claro: a Igreja ainda afirma que o uso de preservativos não é a solução “autêntica e moral” do problema da Aids. Não pretendo prolongar a discussão, por considerar que o trecho do livro “Luz do Mundo” - entrevista do jornalista alemão Peter Seewald com o Papa -, que suscitou a polêmica, seja claro e auto-explicativo:

A sexualidade 
Concentrar-se somente no preservativo significa banalizar a sexualidade, e essa banalização é precisamente a perigosa razão pela qual tantas e tantas pessoas não veem na sexualidade mais a expressão do seu amor, mas apenas uma espécie de droga, que administram por si só. Por isso, também a luta contra a banalização da sexualidade é parte do grande esforço para que a sexualidade seja valorizada positivamente e possa exercer o seu efeito positivo sobre o ser humano em sua totalidade. 
Pode haver casos individuais justificados, por exemplo, quando um garoto de programa usa um preservativo, e esse pode ser o primeiro passo rumo a uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade para desenvolver de novo a consciência do fato de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. No entanto, essa não é a maneira verdadeira e adequada para vencer a infecção do HIV. É verdadeiramente necessária uma humanização da sexualidade.
Falando em responsabilidade, é um bom momento para refletirmos sobre a nossa, né? Todos nós temos informação, mas que atire a primeira pedra quem nunca deu uma escorregadela.

Infelizmente, uma escorregadela apenas pode ser o suficiente.

Esses dias, lia os comentários de uma matéria sobre o assunto e fiquei surpreendida com a quantidade de gente (homens, que fique claro) que defendem abertamente o não uso de camisinha. Em pleno século XXI??? Vai entender...

Segundo informações do Ministério da Saúde, 40% dos jovens entre 15 e 24 anos assumem não usar preservativo em todas as relações sexuais. Resultado: a pesquisa revela aumento do número de jovens infectados pelo vírus HIV nos últimos cinco anos. Sinceramente, né? Eu esperava isso do pessoal da minha geração, mas da garotada esperta da geração Y???

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

1º de dezembro - Dia de luta contra a AIDS. Preconceito: você tem certeza que não tem?


Ok, estou uma semana atrasada com este post. Esses dias têm sido tão corridos, que, embora tenha em mente muitas coisas para escrever, falta tempo para transportar as idéias para o Animando-C.

Mesmo que rapidinho, precisava dizer o quanto amei a campanha do Ministério da Saúde nesse Dia Mundial de Luta contra a Aids, da qual faz parte o banner acima.

Criativo, instigante e profundo.

Existe preconceito contra o HIV? E contra a hepatite C?
Sim, e temos que reconhecer que o preconceito não está ali fora, andando pelo corredor.
Ele está dentro da gente.

Confesso que, em momento de crise no casamento, cheguei a pensar que, se tivesse que me separar, teria que ter consciência de que era pra ficar sozinha pro resto da vida. Afinal, quem ia querer um "amor-problema"? Na época, não me convenceram argumentações do tipo: "conheço pessoas que têm HIV e namoram normalmente, mesmo com pessoas não infectadas" ou "o ser humano é muito solidário" (até porque, nessa hora, não estaria atrás de caridade).
Argumentos racionais não funcionam nesse caso, simplesmente porque é um sentimento e, como tal, não é racional.

Para refletir: onde estaria o preconceito nesse exemplo, senão dentro de mim mesma???

Passemos às próximas perguntas inconvenientes (pode responder com sinceridade, ninguém está lendo seu pensamento):

- Você começaria um relacionamento amoroso com uma pessoa que tem HIV ou hepatite?
- Você não se importaria se seu filho/filha começasse a namorar alguém com HIV ou hepatite?

Se viver com preconceito não é possível,
que tal começarmos a rever os nossos próprios preconceitos?

O vídeo acima foi motivo de polêmica. O que você acha?

Conheça também a dimensão interativa da campanha:

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vivendo a vida

"Ninguém falou que viver é fácil. Todo dia pode ter uma porrada. Mas também pode ter uma realização. Nenhum HIV, câncer, hepatite ou diabete impede essa realização diária. O que impede é a cuca."

Rodolfo Bottino, ator, HIV positivo, para O Globo - 02/05/2009.

Amei esse trecho da matéria: "Portador do vírus HIV, descobriu há tempos que a única maneira de combater a morte era vivendo a vida. Sem dramas."

É isso aí...