Uma em cada 12 pessoas no mundo pode ter hepatite B ou C, sem saber. Não há sintomas e o vírus não é detectado em exames de rotina. Tem certeza que você não tem? Faça o exame, é gratuito.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sendo feliz, apesar da hepatite C

Receber o diagnóstico de uma doença grave como a hepatite C é um choque para a maior parte das pessoas. Medo, angústia e raiva são alguns dos sentimentos comuns nesse momento. A partir daí, algumas pessoas precisarão mudar seu estilo de vida, incluindo parar de ingerir álcool e começar a ter uma rotina de exercícios físicos. Algumas terão de fazer o tratamento, outras não. Algumas terão sucesso com o tratamento, outras não. Algumas terão de ser submetidas ao transplante, outras não.

Se vamos morrer?? Claro que sim, todo mundo morre um dia! Pode ser amanhã atravessando a rua, pode ser daqui a 50 anos. Com hepatite C ou sem hepatite C.

A decisão que se tem a tomar é: como vamos viver a vida que temos? Nos lastimando por causa dessa doença? Ok, é uma droga, mas deixaremos que isso estrague os lindos [e muitos!] dias que temos pra viver?

Se você é leitor do Animando-C e acompanha e minha história, sabe que EU não deixo que a hepatite C estrague nada na minha vida. Claro que tenho meus medos, como todo mundo. Mas eles não me dominam. Não são eles que controlam a minha vida. Quem controla minha vida sou eu.          

O medo não me domina.


E é por isso que ando meio sumida por aqui, como já expliquei para vocês no final do post Hepatite C e estratégias para manter-se saudável. Com uma rotina diária puxada, não resta muito tempo para que eu possa escrever novos posts para o blog com a frequência que eu gostaria. Também não tenho novidades em minha vida em relação à hepatite C para compartilhar: faço os exames de controle a cada seis meses e os resultados têm sido estáveis. Enquanto continuar assim, vou aguardando o lançamento de novos remédios em fase relativamente avançada de pesquisa, com previsão de fazer o retratamento em 2014.

Apesar disso, o blog continua ativo, com cada vez mais leitores e muitos feedbacks incríveis que enchem meu coração de alegria e mostram que todo o trabalho que tive nesses anos de Animando-C valeu a pena. É muito gratificante saber que coisas que escrevi lá em 2009 continuam ajudando as pessoas até hoje.

Hoje venho compartilhar com vocês mais uma conquista desse meu projeto de ser feliz a cada dia, apesar da hepatite C. Vocês já leram aqui no blog como foi a primeira grande aventura nesse sentido: minha viagem para Nova York em 2010 para assistir ao show dos New Kids on the Block. Desde lá, muitas têm sido as conquistas: grandes e pequenas. Dessa vez, acabo de voltar da Disney com a minha filha, onde passamos 10 dias totalmente mágicos!

Hepatite C, a gente está preparado pra lutar (rs).

Eu, que não conhecia a Disney ainda, chorava de emoção sem parar. Não teve um dia sequer de parque que eu não tenha chorado no mínimo umas três vezes. E agradeci muito a Deus por aquela oportunidade. Ver minha filha sendo tratada como princesa por onde passava, divertir-se nos brinquedos, jantar no castelo da Cinderela na companhia das princesas DE VERDADE, dançar com o Woody, Stitch e Tico e Teco, os sorrisos, os olhos brilhando... tudo isso valeu cada centavo que eu gastei para concretizar essa viagem, com as dificuldades que só eu sei - e também só eu preciso saber (rs).


Compartilho com vocês o que escrevi para meus amigos quando cheguei:

Tem a tristeza de voltar, mas tem a alegria de estar em casa com quem a gente ama. We are back! A gente passa por muitas coisas na vida, mas tem algumas coisas que passam por nós transformando-nos de alguma forma, marcando-nos de uma forma especial. Muita gente achava que a Amanda era muito nova pra ir pra Disney agora. Se elas vissem o quanto ela curtiu cada segundo, a experiência de ter sido tratada como princesa de verdade e o encontro com os personagens DE VERDADE, perceberiam que foi a hora certa. Em certo momento ela até teve dúvidas se alguns personagens eram reais, porque "eles não piscavam o olho". Até que ela os viu piscando. Imaginam a felicidade dessa criança ao ver um piscar de olho? Pra ela significava: era tudo verdadeiro! E alguém aqui poderia dizer o contrário? Não há nada mais verdadeiro que tudo aquilo lá!
Se eu mentia pra minha filha? Em momento algum! Ela perguntava: 
"- É o Nemo de verdade, Mamãe?"
Eu respondia: "- Parece de verdade pra vc?"
"- Parece."
E eu: "- Pra mim tb parece."
Aliás, era o Nemo de verdade mesmo. ;)


E adivinhem o que eu pedi quando joguei minha moedinha no poço encantado da Cinderela?
A nossa cura, claro!



Então, se existia alguma dúvida de que um dia eu ficaria curada, agora não existe mais. Porque até quem não acredita em mágica passa a acreditar depois que conhece a Disney. Que a Medicina faça o seu papel e, se ainda assim não adiantar, que se faça a mágica! Porque esses dias na Disney só me fizeram confirmar o que eu já sabia: sonhos podem se realizar...



When you wih upon a star
When you wish upon a star Makes no difference who you are Anything your heart desires Will come to you If your heart is in your dreams No request is to extreme When you wish upon a star As dreamers do Fate is kind She brings to those who love the sweet fullfillment of their secret love Oh, Like a boat out of the blue Fate steps in and see's you through When you wish upon a star Your dreams come true If your heart is in your dreams No request is to extreme When you wish upon a star As dreamers do Woah, when you wish upon a star Your dream comes true... mmmm

sábado, 25 de agosto de 2012

A vitamina D na hepatite C

Há alguns anos, estudos vêm mostrando que a suplementação com vitamina D melhora as chances de cura de pacientes em tratamento da hepatite C. No final do ano passado, um estudo israelense comprovou que a introdução da vitamina D no tratamento interferon/ribavirina aumenta a resposta terapêutica, podendo dobrar as chances de cura.  

Foto: Marcelo Alves - Flickr CC

Outros estudos referentes à vitamina D revelam que é comum que portadores de hepatite C tenham deficiência dessa vitamina, sugerindo uma relação entre a carência da vitamina D e uma maior atividade inflamatória no fígado e progressão da fibrose hepática.

Mas atenção: não vá tomando vitaminas por conta própria! A dosagem errada, ao invés de aumentar a chance de cura, pode causar prejuízo à sua saúde. Isso vale para qualquer pessoa, mas especialmente para nós que apresentamos problemas no fígado e, mais ainda, para aquelas que estão em tratamento da hepatite C. Apenas seu médico deverá receitá-la. 

O que você pode fazer, se quiser, é aumentar a ingestão de alimentos ricos em vitamina D. O ideal seria fazê-lo com a orientação de uma nutricionista, para evitar, por exemplo, que os alimentos escolhidos também impliquem num aumento do consumo de gordura.

Alimentos ricos em vitamina D:

Fonte: Tua Saúde
Atum fresco (90g): 3.6 mcg
Sardinha fresca (100g): 5.2 mcg
Sardinha enlatada (100g): 17 mcg
Manteiga (1 colher): 0.45 mcg
Cogumelos (100g): 0.65 mcg
Leite (1 copo): 0.17 mcg
Gema de ovo (100g): 0.53 mcg
Ovo de galinha (100g): 0.8 mcg
Fígado de boi (100g): 1.12 mcg
Iogurte (1 potinho): 1.2 mcg

Aproveite e veja aqui várias receitas com atum fresco.
Não testei, mas a aparência é ótima.

Minha situação pessoal


Meus exames de rotina do primeiro semestre mostraram que eu estava com deficiência de vitamina D, apesar de estar tomando suplementação há alguns meses, com acompanhamento da nutricionista. Diante desse resultado, meu infectologista aumentou a dose da suplementação, que agora tomo duas vezes ao dia para melhor absorção.    

Aproveitando a oportunidade, compartilho com vocês que felizmente estou muito bem, obrigada. Com exceção de TGO, TGP e GGT (sempre aumentadas, lembrando-me insistentemente que, apesar de eu não sentir nada, o vírus está lá causando um processo infamatório no meu fígado), dos eosinófilos (sempre altos por causa de alergia respiratória) e da insuficiência de vitamina D e de cromo, o resto dos exames está "de atleta". E olha que dessa vez foram 23 páginas de exames! 

Como eu sei que alguns de vocês se interessam pelos números, lá vai:
- TGO: 90 U/L (valor de referência - feminino: 13 a 35 U/L)
- TGP: 90 U/L (valor de referência: 10 a 49 U/L)
- GGT: 65 U/L (valor de referência - feminino: menor que 38 U/L)
- Vitamina D: 27,0 NG/ML (insuficiência: 10 a 29.9 NG/ML)

A orientação de meu médico é que, se o quadro continuar como está (que é a tendência), iniciarei novo tratamento somente após a Copa do Mundo de 2014. E, se as pesquisas continuarem evoluindo como esperado, há chances de utilizar medicamentos que dispensem o interferon e a ribavirina. Já pensou que sonho?

Até lá, sigo me cuidando (alimentação, atividade física e saúde emocional) e fazendo os exames de acompanhamento semestral. 



Algumas fontes de consulta: 

domingo, 5 de agosto de 2012

"Esperançar"


"Sou sempre otimista, porque o pessimista é, antes de tudo, um desistente.
Ele passa mais tempo tentando provar que algo não vai dar certo em vez de usar o mesmo tempo para fazer com que funcione."
Cortella

Foto: S. Reachers - Flickr CC
Ninguém falou que é fácil conviver com a hepatite C, seja você portador do vírus ou familiar.
Ninguém falou que é fácil passar pelo tratamento. Pelo contrário, é sim muito difícil. 
Ninguém falou que é fácil, após todo o sofrimento do tratamento, não conseguir ficar curado. 

Eu posso falar dessas três coisas por experiência própria.
E posso também dizer que a forma como nos relacionamos com isso é o que faz a diferença em nossas vidas. 

Podemos usar nosso tempo vitimizando-nos e perguntando "Por que comigo?" [é legítimo, apesar de inútil]. Ou podemos empregá-lo em outra direção: "Ok, aconteceu comigo, seja eu culpado ou não. O que posso fazer a respeito?"

Trago as ideias do professor Mario Sergio Cortella sobre o otimismo, postadas hoje no Facebook por Adriana Salles Gomes, Editora Executiva da HSM Management, para nos ajudar nessa reflexão.

Perguntei ao Prof. Mario Sergio Cortella: "China e Índia ensinarão ao mundo sobre o longo prazo. E o que o Brasil ensinará? Otimismo? Você é otimista?"
E sua resposta foi esta: 

"Sou sempre otimista, porque o pessimista é, antes de tudo, um desistente. Ele passa mais tempo tentando provar que algo não vai dar certo em vez de usar o mesmo tempo para fazer com que funcione. Mas sou um otimista crítico, porque ser otimista não significa ser tolo. Otimista crítico é aquele que tem esperança do verbo 'esperançar' e não do verbo 'esperar', de ficar sentado esperando. 
Acho que otimismo e esperança são características do brasileiro em geral e podem ajudar o mundo. Também me orgulho da alegria brasileira. Já escrevi que louco não é o povo que para por quase uma semana para brincar, como fazemos no Carnaval; louco é o povo que nem pensa em parar. Esse ócio recreativo, como o chamo, é o tempo para si, necessário para pensar e fazer escolhas, para as ideias virem e resultarem em inovação mais adiante; não pragmatismo e não imediatismo são valores que deveriam estar presentes no cotidiano de todos os povos. Mas talvez a principal sabedoria brasileira seja a da diversidade... Diversidade é simplesmente o segredo da vida humana, do sucesso. É a antropodiversidade que viabiliza o confronto e a recombinação de ideias, que gera riqueza – em todos os significados de riqueza."

Portanto, esperancemo-nos! Tenhamos fé, mas façamos a nossa parte: cuidados para consigo mesmo e para com os outros, prevenção, acompanhamento médico, estilo de vida saudável (sem ingestão de bebidas alcoólicas, hein?) e, sempre que possível, evitar situações estressantes.   

Estejamos atentos à importância do ócio recreativo: invistamos esse tempo em nós mesmos.

E esse recado vale pra todo mundo - com ou sem
hepatite C. Ok, vou relativizar a parte da bebida alcoólica: se você não é portador, pode beber um pouquinho. 
Um pouquinho, eu disse.
Seu fígado agradece. ;)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Prece pelos doentes



Senhor dos Mundos, Excelso Criador de todas as coisas,

Venho à Tua soberana presença neste momento, para suplicar ajuda aos que estão sofrendo por doenças do corpo ou da mente.

Sabemos que as enfermidades nos favorecem momentos de reflexão, e de uma aproximação maior de Ti, pelos caminhos da dor e do silêncio.

Mas apelamos para tua misericórdia e pedimos:
Estende Tua luminosa mão sobre os que se encontram doentes, sofrendo limitações, dores e incertezas.

Faz a fé e a confiança brotarem fortes em seus corações.

Alivia suas dores e dá-lhes calma e paz.
Cura suas almas para que os corpos também se restabeleçam.

Dá-lhes alívio, consolação e acende a luz da esperança em seus corações, para que, amparados pela fé e a esperança, possam desenvolver o amor universal, porque esse é o caminho da felicidade e do bem-estar... é o caminho que nos leva a Ti.

Que a Tua paz esteja com todos nós.

sábado, 28 de julho de 2012

Aplicativo Dia Mundial da Hepatite no Facebook

Nesse aplicativo muito legal desenvolvido pela World Hepatitis Alliance, você pode criar um quebra-cabeças com os avatares de seus melhores amigos no Facebook para divulgar o Dia Mundial da Hepatite.

Existem duas opções:

  • o aplicativo monta um quebra-cabeças automaticamente pra você, com base em suas interações;
  • você mesmo seleciona a foto de 11 amigos que desejar.  




Para montar o seu, acesse: Mais perto do que você imagina - Facebook

Hepatites: o que o Ministério da Saúde tem feito?

Assista no vídeo abaixo a fala do Ministro da Saúde Alexandre Padilha sobre o que tem sido feito pelas hepatites no Brasil:


aaaa

Dia Mundial da Hepatite 2012

Hoje, 28 de julho, é o dia mundial de luta contra as hepatites virais.

Mais do que a luta diária de quem convive com a doença, é fundamental a luta para quebrar o silêncio existente em torno dela: as pessoas precisam saber que as hepatites estão muito mais perto do que elas pensam.



A hepatite pode estar ao lado... e também pode estar conosco, sem que sequer imaginemos isso. Uma vez que, na maior parte dos casos, as hepatites B e C não possuem sintomas, 95% dos infectados ainda não conhecem seu diagnóstico.  

Esse é o tema da campanha da Aliança Mundial das Hepatites para o Dia Mundial da Hepatite 2012.
Assista o vídeo e reflita: 


domingo, 8 de julho de 2012

Resignificando a existência

"É lindo ver quando alguém é capaz de resignificar sua existência."
Foi essa a frase que ouvi em minha última sessão de terapia, quando recebi alta há duas semanas. Havia iniciado o acompanhamento com a psicóloga ao começar o tratamento da hepatite C em 2008. Meu receio era o efeito colateral da depressão, considerando ter histórico anterior. 

Pode haver coisas belas mesmo quando começa a escurecer

Felizmente, a depressão não apareceu, mas continuei a terapia durante a recuperação, seguida da minha separação e depois de muitas mudanças. Foi um processo de auto-conhecimento e crescimento pessoal.

O balanço que fizemos naquela última sessão foi muito rico: fiquei orgulhosa de mim ao perceber de forma tão explícita a maturidade com que tenho conseguido me posicionar diante das coisas da vida. 

O mais interessante foi a reflexão verbalizada pela psicóloga de como a hepatite C foi central em tantas mudanças positivas que operei em mim e na minha relação com pessoas, fatos e situações. Eu já havia identificado isso, inclusive constatando que sou muito mais feliz hoje do que antes de descobrir a hepatite

Parece loucura pra vocês? Não estou dizendo que sou feliz por ter hepatite C, mas sim que na convivência com a doença consegui me tornar uma pessoa melhor e ter mais qualidade de vida. Essa é a verdade, por mais contraditório que possa parecer. 

Agora, Papai do Céu, acho que já avancei bastante, né? Já posso ficar curada? ;) 


A propósito, perguntei à psicóloga se ela tinha certeza que me daria alta depois de tudo que contei sobre meu fim-de-semana com os New Kids on the Block. Duas semanas antes, havia estado em São Paulo para o melhor show da minha vida e tido a oportunidade de encontrar com meus ídolos, tirar foto e tudo mais que uma fã tem direito. Ela respondeu, brincando: "esse ponto específico não tem cura, então não há como eu possa ajudar." Verdade!!! #feliz




quarta-feira, 16 de maio de 2012

Maio e hepatites: mês de luta, mês de luto

Há 10 anos, o mês de maio marca a luta pela conscientização nas hepatites. A partir de agora, marca também o luto pela perda de uma pessoa muito amada do movimento: na madrugada de ontem, faleceu nosso amigo Fernando Cezar P. Santos, presidente do Grupo Hércules de Santa Catarina. 

[Meu Deus, nos 3 anos de Animando-C, este está sendo o post mais difícil de escrever...]

Novembro de 2010

Quem acompanha este blog há mais tempo, já viu o Fernando citado por aqui muitas vezes, como em IX Encontro Nacional de ONGs de Hepatites Virais (ENONG) - Brasília 2010.        

Se hoje as lágrimas não cessam, é pelo amigo mais que querido, companheiro de trabalho, parceiro de ideologias e crenças.

É também pelas pessoas que eram alvo do trabalho maravilhoso que ele desenvolvia.

Também por todas as demais vítimas das hepatites B e C, que poderiam ter tido outro destino se tivessem sido diagnosticadas precocemente - o Fernando descobriu a doença quando já havia desenvolvido câncer e precisou submeter-se a um transplante de fígado. Ele nos conta a história da descoberta do tumor no emocionante post: Câncer não começa com C de caixão.

Fernando, de camisa branca, segurando a faixa, à direita.
Juntos na vigília pelas vítimas das hepatites B e C na Catedral de Brasília, em novembro/2010. 

Repito aqui as palavras com que, à distância, participei da cerimônia de cremação, que ocorreu ontem à noite no Crematório Vaticano, em Camboriu/SC:

O mundo amanheceu mais triste hoje, e o céu com mais um anjo.

Todas as lágrimas derramadas por sua perda, querido e prezado Fernando, são a expressão do quanto você é querido e do quanto sentiremos sua ausência.

Você foi e será sempre muito especial. Um exemplo.

Eu tenho uma lista das coisas boas que a hepatite C trouxe para minha vida, que me impedem de desejar nunca tê-la contraído. Você está nela, amigo.

E agora, infelizmente, também está na outra lista: aquela das coisas que a hepatite C me tirou.

Tenha certeza que continuaremos lutando para que essa doença pare de nos tirar pessoas especiais.

À família, desejo conforto para os corações.
Ao pessoal do Grupo Hércules, meu abraço carinhoso.
Contem comigo para o que precisarem.

Hoje me emocionei mais uma vez ao reler o post carinhoso que ele escreveu pra mim em seu blog há um ano e me alegrei por constatar que ele sabia o quanto era estimado por mim.

Aliás, fica a refexão: como estamos tratando as pessoas que amamos? Como estamos aproveitando o tempo que nos é dado com elas?

Como diz a música "Don't cry" do NKOTB:
I learned that it's just not worth fighting over little things
Like when I used to wait all night just to say "I'm sorry, I love you" 
Aprendi que não vale brigar por pequenas coisas
Como quando esperava a noite toda apenas pra dizer "Eu sinto muito, eu te amo"

Chega de esperar a noite toda, gente! Voltando à mesma música: "And if tomorrow never comes at all?" E se o amanhã não vier? 

Brincando com perspectivas, na obra de Escher (CCBB Brasília).
Da esq para dir: Fernando, Amanda (minha filha), Varaldo (Grupo Otimismo) e Raquel (WHA).

Tem razão a amiga Silvia Rinaldi, que falou sobre chorarmos as duas ontem ao telefone: se ele estivesse vendo isso, riria da gente lembrando que a morte não existe, que ele só foi para "o lado de lá", onde vamos nos reencontrar um dia.   

Fique em paz, querido amigo. Você fará muita falta por aqui.

Com carinho,
"Flor do Cerrado"


domingo, 29 de abril de 2012

Fibroscan na hepatite C

Portadores de hepatite C crônica devem, regularmente, medir o grau de fibrose no fígado para acompanhar a progressão da doença. Com base nesse resultado, tem-se a indicação ou não para o tratamento da hepatite: no Brasil, são contemplados pelo protocolo do SUS os portadores que tenham grau de fibrose F2 ou maior - a escala vai até F4, que corresponde à cirrose. Ou seja, se seu resultado for inferior a F2, não é necessário realizar o tratamento ainda - o que é motivo de comemoração, porque quer dizer que seu fígado ainda está sadio e que você pode esperar o lançamento de medicamentos menos agressivos, que já se encontram em testes.

Leia também:

Até o ano passado, a única forma de verificarmos o grau de fibrose do fígado era a biópsia hepática - exame geralmente temido pelos pacientes por se tratar de uma técnica invasiva e com alguns riscos, como o de perfuração de outros órgãos acidentalmente.  

A partir de 2011, já podemos realizar no Brasil* a elastografia hepática por meio de um aparelho chamado Fibroscan, aprovado pela Anvisa. Estudos mostram que o grau de confiabilidade desse exame na medição da fibrose é muito alto (já na verificação da esteatose - gordura no fígado - os testes ainda não foram conclusivos). 

* Como a elastografia transitória ainda não está disponível pelo SUS, apenas os brasileiros que têm condições de arcar com custos de R$ 1.300,00 a R$ 2.000,00 podem realizá-lo por enquanto. Como o aparelho é muito caro (em torno de 80 mil euros, ou seja, aproximadamente R$ 200 mil), poucas clínicas oferecem o exame no Brasil: veja aqui onde você encontra o Fibroscan em nosso país.



Como funciona o Fibroscan?

Sem agulha, sem dor, sem riscos. O exame é similar a uma ultrasonografia, em que ondas são enviadas pelo fígado e faz-se a medição de quanto tempo elas levam para atravessá-lo. Explicando de uma forma simplista: quanto mais molinho o fígado estiver, mais saudável e mais tempo as ondas levarão para percorrê-lo; quanto mais fibroses, mais duro estará o órgão e assim as ondas o percorrerão mais rapidamente. 

O exame é muito rápido, levando em média 15 minutos. Ao final, o resultado é mostrado na hora, em números: 
  • de 0 a 10 - fígado sadio
  • de 10 a 40 - diferentes graus de fibrose
  • acima de 40 - cirrose 

Minha experiência

Realizei o exame há duas semanas na clínica Pró-Fígado, em São Paulo. O Dr. Hoel Sette, hepatologista que dirige a clínica e médico que realizou meu exame, é um excelente profissional na área das hepatites, atuando também em transplante de fígado. Ele possui uma característica que considero muito importante: paciência e disponibilidade para explicar para pacientes curiosas, como eu, tudo sobre o exame. 

Foi realmente muito tranquilo. A única coisa que sentimos na hora são batidinhas de leve onde o equipamento é posicionado (veja nas fotos abaixo). Então, se você puder arcar com os custos do exame, recomendo. Vale até fazer uma vaquinha com os parentes e amigos para ajudar com as despesas, inclusive da viagem, se não houver uma clínica onde você mora. 




É claro que a última palavra é sempre do seu médico assistente: é ele quem decide se o Fibroscan poderá substituir a biópsia em seu caso. Isso porque, apesar dos estudos mostrarem a confiabilidade do exame, em alguns casos a biópsia pode ainda ser necessária, conforme publicado pelo Grupo Otimismo neste mês - veja aqui.

Mas os leitores que acompanham esse blog há algum tempo devem estar se perguntando: e o resultado?
O resultado do meu exame, meus amigos, foi a melhor parte: 5,9 - ou seja: fígado sadio, equivalente a F0/F1. "Fígado de bebê", como escrevi aos familiares e amigos na mensagem que mandei do consultório mesmo, ainda com lágrimas nos olhos.  



Fiquei muito emocionada pela regressão da fibrose, que suponho se dever ao período de tratamento em 2008/2009 - em que a baixa na carga viral, mesmo sem negativação, implica menor agressão ao fígado -,  também ao meu estilo de vida (cuidado com a alimentação, exercícios físicos e fuga do stress sempre que possível) e, claro, a Deus acima de tudo. 

Isso significa que não tenho indicação para retratamento por enquanto e posso continuar levando minha vida normalmente. A propósito, vocês já viram no outro blog o que eu ando aprontando? Dê uma passadinha por lá e veja as fotos e vídeo da minha aventura nas cavernas de Terra Ronca. Isso é para lembrar que a hepatite C é grave, inspira cuidados, mas que a vida é boa demais para que a desperdicemos lastimando termos sido infectados. Carpe diem!



Curiosidade: a técnica da elastografia transitória foi inicialmente desenvolvida para verificar a qualidade de queijos brie, sendo posteriormente transposta pelos pesquisadores para o uso humano na medição da fibrose hepática. 

Onde fazer o Fibroscan no Brasil?

Fibroscan é o aparelho no qual realizamos o exame elastografia transitória hepática, que mede a fibrose do fígado de forma não invasiva, substituindo a biópsia hepática. Confira abaixo os lugares em que o exame é realizado no Brasil. 

Momento em que eu realizava o exame, em abril de 2012.

Leia também neste blog: 

São Paulo

  • Pró-Fígado Dr. Hoel Sette Rua Mato Grosso, 306 - Conjunto 810 - Higienópolis São Paulo
    (11) 2114 6077
    Site Pró-Figado
    Esta foi a clínica em que realizei o exame. Recomendo!
  • Centro de Genomas Laboratório Rua Leandro Dupre, 967 - CEP 04025-014 - São Paulo/SP
    (11) 5079-9593  
    Site Centro de Genomas

Rio de Janeiro

  • Hepatoscan Centro Médico Real Grandeza
    Rua Real Grandeza 108 – sala 118
    Botafogo - Rio de Janeiro
    (21)  2246-4601 e 9644-6938
    Site Hepatoscan
    email: contato@hepatoscan.com.br 
  • Hospital Universitário Pedro Ernesto Boul 28 Setembro, 77 - Vila Isabel  Rio de Janeiro
    (21) 2587-6100

Belo Horizonte

  • Hepscan
    Av. Luiz Paulo Franco, 500 - loja 11/ Piso 2P - Belvedere - Belo Horizonte - MG
    (31) 3286-3223
    email: clinicahepscan@gmail.com
    Site Hepscan

Belém do Pará

* Fazem elastografia hepática pelo método ARFI - Aparelho Siemens S2000.


Se você conhece mais algum local que realiza esse exame e não está listado, por favor compartilhe conosco nos comentários abaixo. 

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A depressão e a hepatite C

Desconheço pesquisas que façam uma relação direta entre a ação do vírus da hepatite C no organismo e a depressão. O que a literatura mostra é que a depressão é um dos possíveis efeitos colaterais do tratamento da hepatite C com interferon e ribavirina.

Imagem: Flickr CC - cena do filme V.I.D.A


É importante frisar a palavra "possível", para que as pessoas saibam que devem estar atentas aos sintomas da depressão e relatar ao médico caso eles ocorram. Assim, ele avaliará a necessidade de introdução de um anti-depressivo no tratamento. No entanto, isso não quer dizer que a pessoa irá necessariamente desenvolver um quadro depressivo nessa situação. O meu caso é um exemplo: mesmo com histórico anterior de depressão, eu não apresentei esse problema durante o tratamento.  

Existem outras possibilidades de associação da depressão à hepatite C. Uma delas é a pessoa já apresentar um quadro de depressão, independente da hepatite C. Outra é o desenvolvimento da doença - sim, lembrem-se que depressão é uma doença e não frescura ou fraqueza! - quando se descobre portador do virus e passa a ter conhecimento de todas as coisas que o vírus pode comprometer em sua saúde. Não é fácil mesmo e cada um lida com essa descoberta - ou melhor, digere essa descoberta - a seu modo.

Mas fiquemos atentos: uma coisa é a tristeza e até o desespero quando nos deparamos com um fato às vezes tão chocante em nossas vidas. Isso é normal e durará um tempo para cada pessoa. Outra coisa é entrar em depressão.

Como saber se estamos na segunda opção?
Leia sobre o assunto em sites especializados na internet e no livro disponível para download abaixo.
Considere também procurar um psicólogo, mesmo que seja apenas por um tempo. Não, não é vergonha alguma! Psicólogo não é coisa de maluco e sim de pessoas auto-críticas que buscam auto-conhecimento para lidar da melhor forma possível com as suas relações - com pessoas e situações.

Eu faço terapia há muito tempo - parei algumas vezes e depois algum fato me fez retornar. A última vez que voltei foi em 2008, ao iniciar o tratamento da hepatite C, e estou indo até hoje. Adoro, embora seja meio dolorido às vezes mexer com coisas internas da gente. Percebo nesse processo o quanto tenho caminhado e o quanto ainda é preciso percorrer.


Existe vida durante e após a depressão


Em 2002, aos 24 anos de idade, eu começava a sair de um quadro depressivo. Com histórico familiar de depressão, eu comecei a apresentar alguns sintomas com 16 anos, que se agravaram aos 23, após uma mudança na vida.

Fiz terapia e tomei anti-depressivos por dois anos. Hoje posso dizer que estou totalmente curada e que a depressão não faz mais parte da minha vida. Tanto que, como contei a vocês, não tive recaídas durante o tratamento da hepatite C, como eu temia que poderia acontecer.

Naquela época (2002), tive a vontade de compartilhar com as pessoas um pouco daquele meu processo de descoberta que existia vida durante e após a depressão. Por experiência própria, eu sabia que não adiantaria simplesmente dizer isso: quando se está deprimido, é até irritante quando nos falam uma coisa dessas - como nos canta Renato Russo na música Via Láctea:

"Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz
Mas não me diga isso"

Então, resolvi colocar tudo isso num romance. A personagem principal, Maria Cristina, tem uma vida bem diferente da minha naquela época e viveu coisas que eu não vivi - as quais tomei emprestadas da história de outras pessoas. Mas os sentimentos dela eram muito meus. Inclusive, algumas partes do "Diário de Cristina" foram retiradas do meu próprio diário.

Assim nasceu o livro Existe vida durante e após a depressão, que fiquei muito feliz em reencontrar hoje nos arquivos de backup de um antigo computador. Disponibilizo-o para download gratuito abaixo.

Conto um pouquinho mais da história desse livro no meu blog Apenas Mulheres de Verdade. Se quiser, dê uma passadinha por lá.

Espero que gostem e que seja útil de alguma forma.



Existe vida durante e após a depressão
Escrito por Ana Barcellos
Brasília, 2002 (25 páginas)