Uma em cada 12 pessoas no mundo pode ter hepatite B ou C, sem saber. Não há sintomas e o vírus não é detectado em exames de rotina. Tem certeza que você não tem? Faça o exame, é gratuito.

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quarta-feira, 19 de julho de 2017

Empregador pode pedir exame de hepatite?

Nenhuma empresa/instituição pode obrigar o trabalhador (ou candidato a emprego) a fazer exames de hepatite. Nem tampouco pode exigir ter conhecimento do resultado. Você tem o direito de manter sigilo sobre sua condição de saúde. Não existe profissão que não possa ser exercida por um portador de hepatite B ou C e, portanto, não há justificativa para que o exame seja solicitado.



A base legal que fundamenta essa questão foi muito bem discutida no artigo "É ilegal pedir exame de HIV no admissional?", escrito por Marcos Henrique Mendanha para o site Saúde Ocupacional. Como mencionado no próprio artigo, a legislação brasileira é mais avançada em relação ao HIV que outras doenças similares devido à repercussão que o tema provoca - e eu acrescentaria que também pela mobilização das ONGs em defesa dos portadores de HIV nas décadas anteriores. Mas a Justiça Brasileira têm dado às outras doenças de transmissão por meio de sangue tratamento análogo ao do HIV. Confira as informações abaixo e, no caso de discriminação, procure o Ministério Público.


É ilegal pedir exame de HIV no admissional?





Quando se fala na solicitação de sorologia para HIV em exames relativos ao trabalho, a polêmica facilmente se instaura.
Pela efervescência da matéria sobram normativas entre as quais citamos algumas:
Portaria 1.246 / 2010 do Ministério do Trabalho e Emprego, Art. 2º: “Não será permitida, de forma direta ou indireta, nos exames médicos por ocasião da admissão, mudança de função, avaliação periódica, retorno, demissão ou outros ligados à relação de emprego, a testagem do trabalhador quanto ao HIV.
Parágrafo único: O disposto no caput deste artigo não obsta que campanhas ou programas de prevenção da saúde estimulem os trabalhadores a conhecer seu estado sorológico quanto ao HIV por meio de orientações e exames comprovadamente voluntários, sem vínculo com a relação de trabalho e sempre resguardada a privacidade quanto ao conhecimento dos resultados.”
Nosso comentário: essa portaria foi emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, e é direcionada apenas aos que estão sujeitos à relação de empregoMas o que é relação de emprego? Trata-se de uma relação de trabalho que está calcada no regime celetista (CLT), como estabelece com seus empregados a maior parte das empresas. Os servidores públicos estaduais e municipais, por exemplo, podem estar submetidos à estatutos próprios que são omissos quanto a esse tema. Nesses casos essa portaria não teria validade (a menos que fosse objeto de discussão judicial ou administrativa, onde os efeitos dessa portaria fossem requeridos por analogia). Nesse sentido, veio a seguinte decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul:
EMENTA: “AGRAVO DE INSTRUMENTO — AÇÃO CIVIL PÚBLICA — CONCURSO PÚBLICO DE FORMAÇÃO PARA SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR — TUTELA ANTECIPADA — PRESENÇA DA VEROSSIMILHANÇA DO DIREITO ALEGADO — EXIGÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE EXAME DE HIV — ATO DISCRIMINATÓRIO — PERIGO DE DANO DE DIFÍCIL REPARAÇÃO — PREJUÍZO ÀS PESSOAS PORTADORAS DO VÍRUS — MANUTENÇÃO DA DECISÃO SINGULAR — RECURSO IMPROVIDO.” (AGV 1257 MS 2008.001257-3)
Obs.: para os servidores públicos federais já existe a Portaria Interministerial 869 / 1992:
Portaria Interministerial 869 / 1992: “Proíbe, no âmbito do Serviço Público Federal, a exigência de teste para detecção do vírus de imunodeficiência.”
Na mesma esteira, vem a Resolução 1.665 / 2003 do Conselho Federal de Medicina, Art. 4º: “É vedada a realização compulsória de sorologia para HIV.”
Um aspecto jurídico importante quanto ao tema veio em setembro de 2012, quando o TST enunciou a Súmula n. 443, que assim expressa:
“Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.”
Observamos que esta súmula presume como discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. No nosso entendimento, trata-se de uma presunção relativa, e, portanto, admite prova em contrário (juris tantum). Assim, caberá à empresa fazer essa prova.
Imaginemos: como uma empresa, que porventura tenha solicitado o teste de HIV (por intermédio de seu Médico do Trabalho/“Médico Examinador”) a um dos seus trabalhadores provará que não agiu com discriminação, sabendo que a simples solicitação desse exame já constitui um ato discriminatório e ilegal (nos termos da legislação exposta neste tópico)? Fica difícil. Nesse caso, o teste de HIV, na nossa opinião, pode ser a prova documental de que a empresa foi sim discriminatória, e portanto, esse trabalhador poderá, oportunamente, pleitear sua reintegração (e até sua estabilidade definitiva) no emprego, nos termos da Súmula n. 443 do TST.
Lembremos que o Médico do Trabalho/“Médico Examinador”, age como se empresa fosse, conforme interpretação extraída do art. 932, inciso III, do novo Código Civil. Casos como o narrado podem também ensejar indenizações por dano moral. Se a empresa for condenada a indenizar o trabalhador em virtude do dano moral causado por uma conduta ilegal e discriminatória do Médico do Trabalho/“Médico Examinador”, oportunamente, o empregador poderá entrar com uma ação futura contra esse médico no sentido de reaver a indenização paga ao empregado (ação regressiva — art. 934 do Código Civil).
Pelas normativas e riscos expostos, concluímos que não se deve solicitar sorologia para HIV de forma compulsória, em nenhuma hipótese.
Algumas perguntas são freqüentes sobre o tema:
a) No exemplo de um instrumentador cirúrgico: não há o risco de contaminação dos pacientes, caso ocorra um acidente com perfurocortante, e esse instrumentador seja HIV positivo? O Médico do Trabalho / “Médico Examinador” não deveria pedir o teste de HIV no exame admissional para os instrumentadores cirúrgicos?
R.: Há um incontestável risco de contaminação de pacientes, caso ocorra um acidente com perfurocortante envolvendo um profissional que seja HIV positivo (seja instrumentador cirúrgico, seja o próprio médico, etc.). Nossa legislação, no entanto, entende que apesar do risco evidente, não há fator impeditivo para que este profissional exerça a função de instrumentador cirúrgico, apenas pelo fato de ser HIV positivo. A razão é compreensível: que tipo de cuidado diferente para se evitar um acidente com perfurocortante tem o trabalhador que é HIV positivo, quando comparado a um trabalhador que tem sorologia desconhecida? Absolutamente nenhum! A prevenção deve seguir o mesmo rigor, para TODOS os trabalhadores (independente da sorologia). Dessa forma, a solicitação do teste de HIV é proibida, inclusive para trabalhadores da área da saúde, sob pena de ser qualificada como conduta discriminatória. Para reflexão: já imaginaram se todos os pacientes tivessem o direito de exigir sorologia de HIV, Hepatite, etc., para os cirurgiões que os fossem operá-los?
b) Voltando ao exemplo de um instrumentador cirúrgico, caso já tenha ocorrido o acidente com perfurcortante, mas não há confirmação que este instrumentador seja HIV positivo: poderá esse trabalhador se recusar a fazer o teste anti-HIV, caso solicitado?
R.: Sim. Vejamos o que diz o Manual de Condutas em Exposição Ocupacional à Material Biológico do Ministério da Saúde:
“A solicitação de teste anti-HIV deverá ser feita com aconselhamento pré e pós-teste do paciente-fonte com informações sobre a natureza do teste, o significado dos seus resultados e as implicações para o profissional de saúde envolvido no acidente.”
E continua:
“A recusa do profissional para a realização do teste sorológico ou para o uso das quimioprofilaxias específicas deve ser registrada e atestada pelo profissional.”
Percebemos que o próprio Ministério da Saúde considerou a possibilidade de recusa do profissional para realização do teste de HIV. Tanto assim, que preconizou o início da quimioprofilaxia preventiva em casos de acidentes com perfurocortantes, mesmo sem a certeza quanto à sorologia do paciente/trabalhador-fonte.
Pelo exposto, perguntamos também: de acordo com o Protocolo do Ministério da Saúde, qual a diferença de conduta pós-acidente quando se tem conhecimento que o paciente/trabalhador fonte é HIV positivo, quando comparamos com uma situação onde não se conhece a sorologia do paciente/trabalhador fonte? De novo, absolutamente nenhuma! A quimioprofilaxia preventiva será realizada, de igual forma, nos dois casos.
Ora, se despirmos honestamente de todos os nossos preconceitos, fica fácil entender porque a solicitação de HIV de forma compulsória é proibida, mesmo para trabalhadores que atuam em ambiente hospitalar: se as prevenções pré-acidentes e as condutas pós-acidentes são as mesmas para trabalhadores e pacientes HIV positivos, ou com sorologias desconhecidas, a ausência do conhecimento prévio da sorologia não gera prejuízo, nem na prevenção do acidente, nem nos procedimentos pós-acidentes. Qual seria a justificativa da obrigatoriedade da solicitação da sorologia de HIV, se não a justificativa discriminatória?
c) Solicitar exame para hepatite também é proibido?
R.: O tema HIV, por toda repercussão que provoca, conseguiu ser mais legislado do que outras situações de saúde. Nosso entendimento, é que a análise de hepatite, e todas as doenças de transmissão através do sangue, sejam feitas de forma análoga a análise do HIV, parcimoniosa e dentro do maior bom senso e discrição possíveis. Só não valem condutas discriminatórias!
d) Já que não é permitido pedir sorologia para HIV nos exames relacionados ao emprego, isso implica dizer que um trabalhador HIV positivo sempre estará apto ao trabalho?
R.: De forma alguma! O que a legislação entende é que não é pela sorologia de HIV que se define o “apto” ou “inapto”. Apenas isso. Agora, se o quadro clínico do trabalhador estiver incompatível com sua função, ele certamente deverá ser considerado “inapto” ao trabalho, sob pena de estar havendo omissão e negligência do Médico do Trabalho / “Médico Examinador” ao expor esse empregado à condições incompatíveis com seu quadro, condições estas que podem oferecer riscos ao próprio empregado.
Percebam: a inaptidão pelo empregado estar debilitado clinicamente é permitida (e necessária). Já a inaptidão apenas pelo fato do empregado ser HIV positivo (mesmo gozando de boas condições de saúde) é discriminatória, nos termos da legislação em vigor. Assim julgou o Tribunal Regional do Trabalho, do Rio Grande do Sul:
EMENTA: “RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DANO MORAL. DESPEDIDA DISCRIMINATÓRIA. Hipótese em que demonstrado que a despedida resultou de ato discriminatório. Recurso desprovido”. (RO 0467-07.2010.5.04.0611)
No processo acima, a reclamante apresentou um atestado médico constando o CID B24 (HIV). Pouco mais de uma semana depois recebeu aviso-prévio, o qual, no entanto, foi anulado, pois o exame demissional a considerou “inapta”. A auxiliar foi encaminhada ao INSS. Como teve o requerimento de auxílio-doença indeferido, a reclamante recebeu novo aviso-prévio, o qual foi formalizado, após esta ser considerada “apta” para demissão em exame realizado por outro médico. Os desembargadores consideraram correta a sentença e o valor indenizatório, arbitrado em 8 mil reais. Para eles, os fatos demonstraram que a dispensa foi discriminatória, pois não houve sequer alegação da ré de que foram despedidos outros empregados, ou de que a despedida da trabalhadora decorreu de alguma justificativa econômica ou financeira.
Concluindo: por mais controverso que pareça aos olhos de muitos profissionais da saúde (médicos, inclusive), as leis brasileiras entendem que o fato do indivíduo ser HIV positivo não o impede, só por essa circunstância, do exercício de QUALQUER função laboral. Seja no serviço privado, ou serviço público federal (conforme normativas acima), a solicitação rotineira e obrigatória de teste para detecção de HIV configura-se como prática discriminatória. Na mesma esteira veio a Lei 12.984/2014, que assim colocou:
Art. 1 – Constitui crime punível com reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, as seguintes condutas discriminatórias contra o portador do HIV e o doente de aids, em razão da sua condição de portador ou de doente: (…)
II – negar emprego ou trabalho;
III – exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego;
IV – segregar no ambiente de trabalho ou escolar; (…).
Leia também: Recomendação CFM n. 07/2014 (Recomenda a adoção de procedimentos, cuidados, tratamentos e precauções aos médicos vivendo com HIV ou com AIDS, assim como seus direitos.)

sexta-feira, 29 de maio de 2015

O que eu aprendi com a hepatite C?

"Muitas coisas ótimas podem ser feitas num dia
se não fizermos sempre desse dia o amanhã."


Às vezes algumas pessoas observam como eu me envolvo passionalmente em algum debate e pensam que estou focando muita energia em algo em detrimento do restante. A verdade é que sou passional sim e, se se tratar de uma injustiça, especialmente que prejudique de alguma forma alguém ou um grupo, eu me envolvo calorosamente mesmo.

Mas meu foco dificilmente estará nisso. Porque, como muitas outras pessoas que precisam conviver com uma doença crônica grave, com a incerteza do futuro, meu foco está na minha qualidade de vida e da minha família.

Acabei de chorar assistindo o vídeo abaixo e percebendo como realmente nossa perspectiva muda e passamos a valorizar as pequenas coisas da vida quando nos deparamos com nossa fragilidade e insignificância de seres humanos mortais. Depois que a gente passa por um longo tratamento com interferon e ribavirina, por exemplo, a gente valoriza o fato de abrir o olho e ter disposição para levantar da cama, sem dor ou fraqueza.

Então, de certo modo, a hepatite C pode ser positiva não apenas no exame de sangue, mas na vida, porque nos ensina a viver de verdade - se estivermos abertos a isso. Claro que ninguém em sã consciência escolheria tê-la se tivesse essa opção de escolha. Alô? Mas eu poderia fazer uma lista a vocês das coisas lindas e importantes que eu tenho hoje em minha vida por causa dela. Então não reclamo nem lastimo - apesar de sentir medo às vezes. 

Vejam no vídeo a seguir: duas pessoas que não podem ver uma à outra, mas podem ouvir suas respostas, falando sobre questões simples como quais são seus sonhos e o que faz você feliz. Reflitam depois.





Estou mais uma vez num período de reavaliação da minha rotina, porque tenho o perfil de acumular muitas atividades e, por isso, mais uma vez me encontro sem tempo de lazer e me sentindo culpada por não dar à minha filha a atenção que ela merece. No domingo passado, quando almoçávamos, ela me disse: "mamãe, hoje vou lhe dar o maior presente de todos: você não vai trabalhar nem um pouquinho no computador nem mexer no celular o dia todo, até eu dormir". Precisa dizer mais alguma coisa? Não, né? O recado foi dado.

Estou envolvida em muitos projetos, especialmente voluntários, e preciso ir terminando a maior parte deles - e não pegar outros! Minha meta agora e poder voltar a ter finais-de-semana de pernas para o ar, sem preocupações, e poder brincar tranquilamente com minha filha sem um monte de pendências martelando na minha cabeça.

Como contei a vocês no post  Vegetarianismo, ansiedade e depressão, passei uns perrengues esse ano que me obrigaram a essa reavaliação. Ao lado disso, também o ódio e falta de respeito ao outro, manifestados nas redes sociais e nas ruas com mais intensidade desde as últimas eleições, têm me feito questionar muita coisa. Eu não sigo uma boa parte dos meus amigos do Facebook mais, simplesmente porque minha tolerância é zero: escreveu qualquer ignorância preconceituosa, eu deixo de seguir na hora, por mais que eu goste da pessoa. É tipo um escudo anti-chateação. E essa estratégia funcionou muito bem, recomendo! :) 




Ao lado disso, tenho mais quatro preocupações principais no momento: a primeira é o fato da minha filha, hoje com 7 anos, dizer todos os dias, várias vezes por dia, que quer uma irmã. A outra é o novo tratamento da hepatite C, que já me foi negado pelo meu plano de saúde. A terceira é a reestruturação que foi anunciada no meu trabalho e ainda não sabemos o que vai acontecer. E a quarta é o fato de eu não estar gostando nadinha da escola que minha filha está estudando e considerar que a metodologia da escola e condução das professoras estão causando sofrimento a ela. Mas isso é assunto para outro post, no outro blog. Aliás, faz tempo que eu não escrevo por lá também... mas cadê o tempo? No momento, meu foco está nesse último problema, porque está diretamente ligado à qualidade de vida do meu maior tesouro. 

E o foco de vocês, onde está? 
No que vocês investem a maior parte do tempo de vocês? 
Será mesmo que é nas coisas certas?

Apenas cada um de nós pode responder por si. 
Sem gabarito.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Carta aberta à presidenta reeleita Dilma Roussef

V. Ex.ª Dilma Roussef,


No momento em que a parabenizo pela sua reeleição, venho lembrar-lhe alguns assuntos que temos pendentes.

A Anvisa acaba de priorizar os novos medicamentos para hepatite C e eu espero, sinceramente, que eles sejam incorporados ao SUS nos próximos meses.

Não falo apenas por mim, que sou mãe e quero viver para ver minha filha crescer, mas também em nome de todos os leitores do Animando-C - portadores do vírus e/ou seus familiares, que em alguns casos têm nesses medicamentos a última esperança.

V. Ex.ª sabe o que é padecer de uma doença grave e teve a abençoada experiência da cura.

Pedimos encarecidamente que V. Ex.ª e os excelentíssimos senhores Ministro da Saúde Arthur Chioro e Fábio Mesquita, Diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais,  tenham um olhar carinhoso para nós, milhões de brasileiros que tiveram a infelicidade de ser infectados com o vírus da hepatite C nas mais diversas situações - no meu caso, numa transfusão sanguínea quando ainda criança.

Como V. Ex.ª, também achamo-nos merecedores da dádiva da cura e sabemos que nossa chance com os novos fármacos é superior a 90%.

Entendemos que existe uma limitação orçamentária, mas também conhecemos nossa lei maior, a Constituição Brasileira, que nos diz que:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

O mercado não está acima da vida das pessoas. E é por isso que, falando por mim, agradeço pela manutenção no poder de um governo centrado em pessoas. Agora desejo ver isso cada vez mais sendo expandido na prática. Não me parece justo que apenas os mais ricos, com condições de arcar com os novos medicamentos, possam ser beneficiados por eles.

Por tudo o que tenho acompanhado nos últimos meses, acredito sinceramente que o Brasil dará esse grande passo rumo à erradicação da hepatite C no País e desejo muito poder usar esse mesmo espaço em breve para agradecer o Governo Federal por medidas nesse sentido.

Aproveito para pedir que a elastografia hepática seja incorporada ao SUS em todos os estados, substituindo a biópsia hepática, para que os portadores de hepatite C não sejam submetidos a um procedimento invasivo e com riscos como a biópsia, desnecessariamente.

Por último, mas não menos importante, peço que lembrem dos 95% de portadores de hepatites ainda não diagnosticados, que estão vivendo sem saber que carregam uma bomba relógio dentro de si, sem tomar os cuidados para minimizar os prejuízos ao fígado ou para não infectar outras pessoas, como familiares próximos.

As campanhas de hepatite ainda são insignificantes em comparação com as campanhas de Aids, por exemplo, mesmo que levem mais brasileiros a óbito por suas complicações do que o HIV.

Já passou da hora desse cenário ser mudado no Brasil. Acompanhamos os avanços, especialmente do último ano, mas eles ainda são insuficientes para quem possui tanta ânsia de viver.

Aguardamos ansiosos pelas próximas notícias do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, ao passo que desejamos que V. Ex.ª, ao final dos próximos quatro anos, seja reconhecida como digna e merecedora do voto da maior parte do povo brasileiro.

É com emoção que me despeço, desejando que Deus abençoe a V. Ex.ª e ao nosso Brasil, e reafirmando que continuo à disposição para ajudar no que for necessário, pois acredito, acima de tudo, na importância da participação civil na construção de um País melhor.



Respeitosamente,

Ana Paula de Barcellos, Brasília/DF
Uma brasileira que também não foge a luta.


Eu e minha filha Amanda, entre os milhões de brasileiros
que acreditam e contam com V. Ex.ª 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Hepatite C: 7 coisas que você precisa saber quando descobre que tem a doença (fique atento à última)

Antes de ler esse artigo, entenda porque ter um resultado de anti-HCV reagente não significa ser portador de hepatite C. Se você acabou de ter a confirmação de seu diagnóstico, talvez também queira ler: Meu exame de hepatite C deu positivo, e agora? 

7 coisas que você precisa saber quando descobre que é portador de hepatite C




1. A hepatite C é uma doença grave, apesar de às vezes não apresentar sintomas por décadas.

Sim, você pode sentir-se completamente saudável mesmo estando infectado. No entanto, as complicações da hepatite C podem comprometer sua qualidade de vida e levar à morte.
Isso quer dizer que você não deve negligenciá-la: faça consultas com seu médico regularmente e realize todos os exames que ele solicita, mesmo que você esteja se sentindo forte como um touro. Com essa doença, não se brinca.

Leia também: Hepatite C crônica: exames necessários



2. É preciso ter cuidado para não infectar outras pessoas, mas sem neurose.




Não precisa ficar lunático achando que infectará alguém. Basta ter cuidado com situações que envolvam seu sangue.

Não compartilhe aparelhos perfuro-cortantes (alicate de cutícula, aparelho de gilette, seringas etc), nem escova de dente.

A transmissão sexual acontece muito raramente e, possivelmente, apenas quando há sangue envolvido. Não há consenso de recomendação para que casais monogâmicos usem preservativo, mas você pode optar por usar se quiser.

Mas lembre-se que agora você sabe que tem uma doença grave e PRECISA proteger-se para não ser co-infectado com outros vírus como HIV e HPV. Nesse caso, você teria um problema ainda maior. Portanto, previna-se!

Leia também: Hepatite C é uma doença sexualmente transmissível? 



3. O tratamento com interferon e ribavirina é agressivo e cheio de efeitos colaterais, mas nada que a gente não sobreviva.




O ser humano evita sofrimento e, obviamente, ninguém gosta de ficar meses passando mal. Mas se isso é para acabar com o vírus e, consequentemente, manter-nos vivos, a gente aguenta. Pode parecer que nunca acabará, mas acaba. Portanto, não baixe a cabeça, persista. Somos mais fortes do que isso.

Leia também: Hepatite C: Diário do meu tratamento




4. Há muito investimento em pesquisas de remédios para hepatite C por parte da indústria farmacêutica.




A medicina já avançou muito e estão chegando ao mercado muitos medicamentos com mais eficácia e menos efeitos colaterais. Alguns, inclusive, que dispensam o uso de interferon. Isso quer dizer que a perspectiva de cura dos portadores de hepatite C nos próximos anos é muito animadora!

Fala-se, inclusive, que daqui a algum tempo a hepatite C será uma doença que não existirá mais. Isso não é lindo?

Leia também: Novo tratamento da hepatite C cada vez mais próximo



5. O vírus está agredindo seu fígado, e, enquanto você estiver infectado, não há como evitar que ele faça isso.


No entanto, você consegue fortalecer seu organismo para dificultar o trabalho dele. "Ah, vírus da hepatite C, está querendo me matar, né? Então deixa eu ficar forte para você ver se é fácil acabar comigo". ;)

Opte por uma alimentação saudável, com baixa ingestão de gordura e ZERO álcool.



Faça exercícios físicos regularmente. Por exemplo, uma caminhada de 30 minutos, todos os dias, é uma grande aliada contra a esteatose (gordura no fígado).

Não existe uma recomendação específica para portadores de hepatite C: siga as orientações do que qualquer ser humano deveria fazer para ter uma vida saudável.

Leia também: Hepatite C e estratégias para manter-se saudável

Está animado para entrar na onda da corrida de rua e não sabe como começar? Esse treinamento em áudio MP3 pode ajudar e custa bem mais barato que um personal trainer. ;)  [link afiliado]


6. Você não precisa ter vergonha de ter hepatite C.



Você não é sujo, não fez nada de errado, nem está sendo castigado por algo. Qualquer um pode ser infectado com um vírus como a hepatite C, porque todos nós fomos expostos a várias situações de risco, especialmente na década de 80.

Se você tem hepatite C, isso apenas significa que você é humano. Podia ser com qualquer um.

Por isso, você não precisa envergonhar-se.

Algumas pessoas terão preconceito? É possível que sim. Mas eu, particularmente, gosto de contar para saber logo quem são essas pessoas e deixar de relacionar-me com elas. Não me fazem falta.

Mas fique atento ao item 7.

Leia também: Existe preconceito contra hepatite C?



7. Você não precisa contar a ninguém que tem hepatite C, se não quiser.

É recomendado, logicamente, que você compartilhe com seus familiares mais próximos. Lembra do item anterior? Não há razão para vergonha. A honestidade faz parte das relações saudáveis e o apoio das pessoas queridas é muito importante na luta contra essa doença. Não passe por isso sozinho!



Mas você não precisa contar no seu trabalho, nem para aquele parente chato, nem para aquela pessoa que não gosta de você.

Você não precisa contar no dentista, nem na endoscopia, nem no salão de beleza, nem no tatuador etc, porque todos esses profissionais tem OBRIGAÇÃO de tomar as medidas necessárias para evitar transmissão de doenças de um cliente para outro. Mesmo porque mais da metade dos infectados com hepatites nem sabem que estão infectados mesmo e, portanto, não teriam como avisar coisa alguma.

Mas você tem a obrigação de escolher lugares sérios e é recomendável checar com os profissionais se eles agem de acordo com as normas de segurança. Mas aí eles não desconfiarão? Não, possivelmente acharão que você é uma pessoa super preocupada com a sua própria saúde e com medo de ser infectada com algo - o que também é verdade.

Leia também: Devo contar que tenho hepatite C


8. Hepatite C não significa o fim - Oito? Esse item vem de BÔNUS!

Pode ser que a gente fique desesperado na hora em que é diagnosticado, o que é natural. Mas essa sensação deve ser substituída pelo desejo de viver.

A hepatite C pode ser um divisor de águas em sua vida: você pode aproveitar essa experiência para rever os caminhos que tem trilhado, suas escolhas e repensar o que quer ou não em sua vida.
E, a partir daí, fazer as mudanças que precisam ser feitas.



Não é para "pirar o cabeção" e sair por aí fazendo o que quiser, no estilo "o que você faria se só te restasse um dia?". Mas uma oportunidade para refletir como gostaria de viver sua vida e agir para isso.

É o que tenho feito e vocês acompanham aqui no blog Animando-C. Quem vem comigo?


Leia também: Hepatite C e o seu precioso tempo


Já curtiu o Animando-C no Facebook para ficar sempre
por dentro das últimas notícias? Te espero lá! 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Grupo de Apoio Hepatite C em Brasília

Quer receber informações sobre hepatite C e trocar experiências com outros infectados e familiares?

Em Brasília, procure as reuniões do Grupo Candangos do C, que são realizadas no segundo sábado de cada mês. A participação é gratuita! 

Local: Hospital Universitário de Brasília - HUB - L2 Norte 604/5
Sala 4 do Prédio da Administração (térreo)
Contato: oc10001@yahoo.com.br



sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Hepatite C e o seu precioso tempo

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Quando meu tratamento da hepatite C fracassou [leia aqui], meu tempo tornou-se escasso. Não porque eu ache que vá morrer logo (não vou!), mas porque aprendi o quanto cada dia é precioso. As palavras do escritor Mário Pinto de Andrade, que compartilho abaixo, não poderiam se encaixar mais perfeitamente no jeito que busco viver.

Se às vezes os problemas do dia-a-dia tendem a afastar-me disso, esforço-me para lembrar que estou aqui a passeio e quero curtir o que é essencial. 

E o seu tempo, é precioso também? Como você o tem vivido?

CC Juliana Pinto

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!


Mário Pinto de Andrade
Escritor e político angolano (1928-1990)

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Hepatite C: perguntas e respostas

A conscientização sobre as hepatites virais e a doação de órgãos é objetivo do Projeto Voluntariando-C, que mobiliza jovens estudantes de uma escola de São Paulo para a disseminação de informações que podem salvar vidas. Já divulgamos esse importante trabalho da professora Silvia Rinaldi aqui.

Neste mês de maio, quando várias ações estão sendo desenvolvidas no Brasil e no mundo para o esclarecimento da população quanto à prevenção e diagnóstico precoce das hepatites, os alunos do projeto encaminharam-me algumas perguntas, que respondo com muito prazer no vídeo abaixo. 

Agradeço ao amigo Marcelo Ruiz, da Olhar Multimídia, que mais uma vez apoiou a nossa causa produzindo esse vídeo. Obrigada, Marcelo, ficou excelente! [Não posso nem imaginar o resultado se 'euzinha' tivesse filmado 'by  myself' no aconchego do meu lar rs]

Nota: perdoem a cara de cansaço. Sim, eu estava exausta...


Ana Flor do Blog Animando-C para o Projeto Voluntariando-C do Colégio Santa Amalia - SP from Marcelo Ruiz on Vimeo.


Agora espero os comentários do pessoal do Voluntariando-C, ok?

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sendo feliz, apesar da hepatite C

Receber o diagnóstico de uma doença grave como a hepatite C é um choque para a maior parte das pessoas. Medo, angústia e raiva são alguns dos sentimentos comuns nesse momento. A partir daí, algumas pessoas precisarão mudar seu estilo de vida, incluindo parar de ingerir álcool e começar a ter uma rotina de exercícios físicos. Algumas terão de fazer o tratamento, outras não. Algumas terão sucesso com o tratamento, outras não. Algumas terão de ser submetidas ao transplante, outras não.

Se vamos morrer?? Claro que sim, todo mundo morre um dia! Pode ser amanhã atravessando a rua, pode ser daqui a 50 anos. Com hepatite C ou sem hepatite C.

A decisão que se tem a tomar é: como vamos viver a vida que temos? Nos lastimando por causa dessa doença? Ok, é uma droga, mas deixaremos que isso estrague os lindos [e muitos!] dias que temos pra viver?

Se você é leitor do Animando-C e acompanha e minha história, sabe que EU não deixo que a hepatite C estrague nada na minha vida. Claro que tenho meus medos, como todo mundo. Mas eles não me dominam. Não são eles que controlam a minha vida. Quem controla minha vida sou eu.          

O medo não me domina.


E é por isso que ando meio sumida por aqui, como já expliquei para vocês no final do post Hepatite C e estratégias para manter-se saudável. Com uma rotina diária puxada, não resta muito tempo para que eu possa escrever novos posts para o blog com a frequência que eu gostaria. Também não tenho novidades em minha vida em relação à hepatite C para compartilhar: faço os exames de controle a cada seis meses e os resultados têm sido estáveis. Enquanto continuar assim, vou aguardando o lançamento de novos remédios em fase relativamente avançada de pesquisa, com previsão de fazer o retratamento em 2014.

Apesar disso, o blog continua ativo, com cada vez mais leitores e muitos feedbacks incríveis que enchem meu coração de alegria e mostram que todo o trabalho que tive nesses anos de Animando-C valeu a pena. É muito gratificante saber que coisas que escrevi lá em 2009 continuam ajudando as pessoas até hoje.

Hoje venho compartilhar com vocês mais uma conquista desse meu projeto de ser feliz a cada dia, apesar da hepatite C. Vocês já leram aqui no blog como foi a primeira grande aventura nesse sentido: minha viagem para Nova York em 2010 para assistir ao show dos New Kids on the Block. Desde lá, muitas têm sido as conquistas: grandes e pequenas. Dessa vez, acabo de voltar da Disney com a minha filha, onde passamos 10 dias totalmente mágicos!

Hepatite C, a gente está preparado pra lutar (rs).

Eu, que não conhecia a Disney ainda, chorava de emoção sem parar. Não teve um dia sequer de parque que eu não tenha chorado no mínimo umas três vezes. E agradeci muito a Deus por aquela oportunidade. Ver minha filha sendo tratada como princesa por onde passava, divertir-se nos brinquedos, jantar no castelo da Cinderela na companhia das princesas DE VERDADE, dançar com o Woody, Stitch e Tico e Teco, os sorrisos, os olhos brilhando... tudo isso valeu cada centavo que eu gastei para concretizar essa viagem, com as dificuldades que só eu sei - e também só eu preciso saber (rs).


Compartilho com vocês o que escrevi para meus amigos quando cheguei:

Tem a tristeza de voltar, mas tem a alegria de estar em casa com quem a gente ama. We are back! A gente passa por muitas coisas na vida, mas tem algumas coisas que passam por nós transformando-nos de alguma forma, marcando-nos de uma forma especial. Muita gente achava que a Amanda era muito nova pra ir pra Disney agora. Se elas vissem o quanto ela curtiu cada segundo, a experiência de ter sido tratada como princesa de verdade e o encontro com os personagens DE VERDADE, perceberiam que foi a hora certa. Em certo momento ela até teve dúvidas se alguns personagens eram reais, porque "eles não piscavam o olho". Até que ela os viu piscando. Imaginam a felicidade dessa criança ao ver um piscar de olho? Pra ela significava: era tudo verdadeiro! E alguém aqui poderia dizer o contrário? Não há nada mais verdadeiro que tudo aquilo lá!
Se eu mentia pra minha filha? Em momento algum! Ela perguntava: 
"- É o Nemo de verdade, Mamãe?"
Eu respondia: "- Parece de verdade pra vc?"
"- Parece."
E eu: "- Pra mim tb parece."
Aliás, era o Nemo de verdade mesmo. ;)


E adivinhem o que eu pedi quando joguei minha moedinha no poço encantado da Cinderela?
A nossa cura, claro!



Então, se existia alguma dúvida de que um dia eu ficaria curada, agora não existe mais. Porque até quem não acredita em mágica passa a acreditar depois que conhece a Disney. Que a Medicina faça o seu papel e, se ainda assim não adiantar, que se faça a mágica! Porque esses dias na Disney só me fizeram confirmar o que eu já sabia: sonhos podem se realizar...



When you wih upon a star
When you wish upon a star Makes no difference who you are Anything your heart desires Will come to you If your heart is in your dreams No request is to extreme When you wish upon a star As dreamers do Fate is kind She brings to those who love the sweet fullfillment of their secret love Oh, Like a boat out of the blue Fate steps in and see's you through When you wish upon a star Your dreams come true If your heart is in your dreams No request is to extreme When you wish upon a star As dreamers do Woah, when you wish upon a star Your dream comes true... mmmm

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Maio e hepatites: mês de luta, mês de luto

Há 10 anos, o mês de maio marca a luta pela conscientização nas hepatites. A partir de agora, marca também o luto pela perda de uma pessoa muito amada do movimento: na madrugada de ontem, faleceu nosso amigo Fernando Cezar P. Santos, presidente do Grupo Hércules de Santa Catarina. 

[Meu Deus, nos 3 anos de Animando-C, este está sendo o post mais difícil de escrever...]

Novembro de 2010

Quem acompanha este blog há mais tempo, já viu o Fernando citado por aqui muitas vezes, como em IX Encontro Nacional de ONGs de Hepatites Virais (ENONG) - Brasília 2010.        

Se hoje as lágrimas não cessam, é pelo amigo mais que querido, companheiro de trabalho, parceiro de ideologias e crenças.

É também pelas pessoas que eram alvo do trabalho maravilhoso que ele desenvolvia.

Também por todas as demais vítimas das hepatites B e C, que poderiam ter tido outro destino se tivessem sido diagnosticadas precocemente - o Fernando descobriu a doença quando já havia desenvolvido câncer e precisou submeter-se a um transplante de fígado. Ele nos conta a história da descoberta do tumor no emocionante post: Câncer não começa com C de caixão.

Fernando, de camisa branca, segurando a faixa, à direita.
Juntos na vigília pelas vítimas das hepatites B e C na Catedral de Brasília, em novembro/2010. 

Repito aqui as palavras com que, à distância, participei da cerimônia de cremação, que ocorreu ontem à noite no Crematório Vaticano, em Camboriu/SC:

O mundo amanheceu mais triste hoje, e o céu com mais um anjo.

Todas as lágrimas derramadas por sua perda, querido e prezado Fernando, são a expressão do quanto você é querido e do quanto sentiremos sua ausência.

Você foi e será sempre muito especial. Um exemplo.

Eu tenho uma lista das coisas boas que a hepatite C trouxe para minha vida, que me impedem de desejar nunca tê-la contraído. Você está nela, amigo.

E agora, infelizmente, também está na outra lista: aquela das coisas que a hepatite C me tirou.

Tenha certeza que continuaremos lutando para que essa doença pare de nos tirar pessoas especiais.

À família, desejo conforto para os corações.
Ao pessoal do Grupo Hércules, meu abraço carinhoso.
Contem comigo para o que precisarem.

Hoje me emocionei mais uma vez ao reler o post carinhoso que ele escreveu pra mim em seu blog há um ano e me alegrei por constatar que ele sabia o quanto era estimado por mim.

Aliás, fica a refexão: como estamos tratando as pessoas que amamos? Como estamos aproveitando o tempo que nos é dado com elas?

Como diz a música "Don't cry" do NKOTB:
I learned that it's just not worth fighting over little things
Like when I used to wait all night just to say "I'm sorry, I love you" 
Aprendi que não vale brigar por pequenas coisas
Como quando esperava a noite toda apenas pra dizer "Eu sinto muito, eu te amo"

Chega de esperar a noite toda, gente! Voltando à mesma música: "And if tomorrow never comes at all?" E se o amanhã não vier? 

Brincando com perspectivas, na obra de Escher (CCBB Brasília).
Da esq para dir: Fernando, Amanda (minha filha), Varaldo (Grupo Otimismo) e Raquel (WHA).

Tem razão a amiga Silvia Rinaldi, que falou sobre chorarmos as duas ontem ao telefone: se ele estivesse vendo isso, riria da gente lembrando que a morte não existe, que ele só foi para "o lado de lá", onde vamos nos reencontrar um dia.   

Fique em paz, querido amigo. Você fará muita falta por aqui.

Com carinho,
"Flor do Cerrado"


domingo, 5 de junho de 2011

Hepatite C crônica: exames necessários

Como qualquer doença crônica, a hepatite C exige atenção. Um acompanhamento periódico com seu médico assistente - que pode ser um infecto, gastro ou hepatologista - é essencial para verificar a evolução do quadro e possibilitar as intervenções que se fizerem necessárias, no tempo certo.

Foto: Prefeitura de Olinda - Flickr CC


Em meu caso, a cada seis meses tenho consulta com meu super-infectologista Dr. José David Urbaez Brito [leia em Médicos porque o escolhi], quando faço uma série de exames para acompanhar meu estado de saúde em geral. 

Dr. José David Urbaez Brito - infectologista
Brasília (DF) Fone: (61) 3245-6129 
[infelizmente, não atende mais pela Cassi]

Há 10 anos, essa rotina de exames seria traumática, mas como conto pra vocês no post Dicas para vencer o medo no blog Apenas Mulheres de Verdade, meu pânico de tirar sangue foi totalmente superado. 

Assim, todos os meses de maio e novembro tenho consulta e faço exames de sangue de rotina, incluindo o perfil hepático. Uma vez por ano (maio), faço também uma ultrassonografia de abdome superior.

Neste ano, mais uma vez e graças a Deus, meus exames mostraram um quadro estável. TGO, TGP e GGT acima do normal, mas de acordo com o esperado no caso de portadores de hepatite C. As funções hepáticas estão preservadas e, como pode ser observado na ultrassonografia, o fígado está normal. A única alteração é um hemangioma já conhecido há tempos, que é inocente e não tem relação com a hepatite.

A quem interessar possa, alguns resultados (clique na imagem para ampliar):

Reparem que a queda das taxas em 2009 refere-se ao período em que me encontrava em tratamento (interferon/ribavirina)


Para completar o acompanhamento, a cada três anos sou submetida a uma biópsia hepática, para verificar a evolução da fibrose no fígado. A próxima biópsia está próxima (prevista para o final deste ano), mas ainda tenho a esperança de poder evitá-la realizando um novo procedimento aprovado pela Anvisa no segundo semestre de 2010: elastografia transitória. Trata-se de um equipamento similar a um ultrassom, registrado com o nome de Fibroscan, que é capaz de diagnosticar com precisão o grau de fibrose no fígado. Ele evita o procedimento invasivo que é a biópsia e todos os riscos nela envolvidos.

O objetivo deste post foi, em primeiro lugar, contar que tudo vai bem com a Ana Flor. =D
Além disso, fica o alerta aos leitores para o acompanhamento adequado de doenças crônicas, mesmo quando o quadro não costuma alterar-se de um exame para o outro (como vem ocorrendo, graças a Deus, comigo).

E você que acha que não tem hepatite C, mas nunca fez o exame, não deixe de ler o post Hepatite C: posso estar infectado sem saber?
Pior é que pode. 

sábado, 14 de maio de 2011

Sonhos e hepatite C: as pessoas vivem pra quê?

Momentos difíceis, problemas de saúde, perda de pessoas queridas... Algumas coisas são reversíveis em nossas vidas, outras não. Esta é a vida! E pra que vivemos? O vídeo abaixo mostra a história de um grupo de velhinhos tailandeses que deixaram de lado suas doenças, suas perdas, suas limitações e decidiram correr atrás de sonhos... de moto! Decidiram viver.




Obrigada ao amigo @GELEAL que compartilhou este vídeo no Facebook.



Seguindo o exemplo mostrado no vídeo, não deixe a hepatite C paralisar a sua vida.
É uma doença grave? Muito grave.

Pode ser que hoje as complicações da doença lhe impeçam de fazer muita coisa, mas não lhe impedem de continuar sonhando. Esse é um impedimento que somente você mesmo pode se colocar.

Se você tiver condições, corra atrás de seus sonhos, sejam eles pequenas coisas que se concretizem no dia-a-dia, sejam maiores ou inusitados como ir ao show dos New Kids on the Block em Nova York.

E não faça isso pensando que é porque você vai morrer. Todos os seres vivos deste planeta morrerão, com hepatite C ou sem. Faça isso porque você vai viver.

Viva. Sonhe. Anime-C.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Celebridades assumem a hepatite C

É grande o número de infectados com as hepatites B e C entre atores, músicos, jogadores de futebol e políticos. Um dos exemplos mais famosos é o da “atriz” e coelhinha da Playboy Pâmela Anderson, infectada ao fazer uma tatuagem junto com o ex-marido, utilizando a mesma agulha. Outra loira famosa é a Flor, do blog Animando-C, que estrela o filme Hepatite C, Sem Medo.

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Pâmela Anderson - Wikimedia Commons
Conheceremos neste post outros casos de famosos que assumiram a hepatite C publicamente.

Veja também: Ídolos do futebol são vítimas da hepatite C



Incidência de hepatite C entre artistas

Diz o senso comum que artistas seriam mais propensos ao uso de drogas devido ao próprio meio em que vivem e até para “liberar a criatividade”, o que lhes deixariam mais vulneráveis à infecção pelos vírus das hepatites por causa do compartilhamento de seringas e cânulos. Não entrarei no mérito de tal afirmação por se tratar de uma premissão bastante questionável, assim como irrelevante para nossa discussão.

O fato é que, celebridades ou não, todos se enquadram na estatística da Organização Mundial da Saúde de que uma a cada 12 pessoas no mundo está provavelmente infectada com uma dessas duas hepatites. A propósito, você que está lendo este post também está dentro dessa estatística, saiba você ou não.

Se o número é assim tão grande, por que não temos notícias disso?


  1. Porque quando uma pessoa pública assume uma doença infecto-contagiosa, muitas vezes torna-se alvo de preconceito, o que pode afetar diretamente a sua imagem. E, como sabemos, artistas vivem da imagem. O preconceito está em todo lugar, inclusive em Hollywood: leia também Hepatite C, preconceito e A Feiticeira.

  2. Porque ainda hoje apenas 5% dos casos de infectados pelas hepatites B e C no mundo já foram diagnosticados. Por ser uma doença sem sintomas, 95% das pessoas que contraíram o vírus há anos (ou até décadas!) ainda não sabe que porta um vírus potencialmente fatal. Por isso a importância de incentivarmos a população que, na próxima consulta, peça ao médico um exame de detecção das hepatites B e C. A propósito, VOCÊ já fez esses exames? Leia também: Hepatite C entre seus amigos e familiares.



Famosos que assumiram a hepatite C

Além de Pâmela Anderson, outras celebridades internacionais assumiram terem contraído o vírus da hepatite C. Vejamos os casos mais conhecidos:


  • Natalie Cole, cantora estadunidense filha do grande músico Nat King Cole, foi infectada na época em que era usuária de drogas. Sua condição de saúde é delicada, tendo sido submetida a um transplante de rim em 2009.


Wikimedia Commons


  • Steven Tyler, do Aerosmith, e Keith Richards, dos Rolling Stones. O primeiro foi submetido à terapia de interferon. O segundo diz ter curado-se da hepatite C espontaneamente. Não há menção oficial sobre a forma de infecção, mas… er… hum… ok, sem especulações.




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Wikimedia Commons



  • O charmoso Chris Lawford Kennedy é sobrinho do ex-presidente estadunidense JFK e ator de Hollywood não tão conhecido no Brasil. É um exemplo a ser seguido, por usar sua fama nos Estados Unidos para divulgar a luta contra a hepatite C. Escreveu o livro C Sua Vida Mudasse, que já foi sugestão de leitura aqui no Animando-C, e faz palestras sobre o assunto. Foi infectado pelo uso de drogas.


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Wikimedia Commons


  • Jim Carroll, escritor, é famoso por seu romance autobiográfico The Basketball Diaries, estrelado no cinema por Leonardo di Caprio. Como a história fala sobre seu vício em heroína, é a provável causa da infecção. Morreu em 2009 de ataque cardíaco.

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Foto: Divulgação


Veja a lista completa de pessoas com hepatite C da Wikipedia.




Personalidades brasileiras com hepatite C

No Brasil, é mais difícil encontrarmos casos oficiais de artistas portadores das hepatites C. Os não-oficiais, logicamente, não serão publicados aqui no blog.


  • Lembram do Pitoco, o assistente de palco da Eliana no programa Eliana & Alegria? Ele sofria de hepatite C e faleceu em 2009, aos 39 anos.


Foto: Divulgação


  • Uma brasileira que usa sua imagem pública na luta contra a hepatite C é Karen Matzenbacher. Se você é gremista (como eu) e acompanhou o nosso bi-campeonato da Libertadores da América (como eu), provavelmente lembrará (como eu) de seu casamento com Jardel na Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Karen parece ser mais conhecida em Portugal do que aqui. Ela foi infectada com a hepatite C quando bebê. Saiba mais nessa reportagem: SOS – A silenciosa e mortal hepatite C.




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  • Veja também o depoimento da atriz Cristiana Oliveira sobre a morte da irmã, em decorrência da hepatite C:







Sinceramente, acho um desperdício que nossos artistas, esportistas e políticos não assumam publicamente a hepatite C. Perdemos, assim, grandes oportunidades de lutar contra a desinformação e o preconceito. Mas, como eu disse várias vezes aqui no blog, trata-se de uma escolha pessoal de cada um, que deve ser respeitada. Leia também: Devo contar que tenho hepatite C?

Conhece mais algum caso oficial de celebridade portadora de hepatite C não citado aqui? Participe do blog compartilhando conosco nos comentários abaixo.

Atualização em 28/04/2011:
Morreu ontem, aos 56 anos, Neusinha Brizola, filha do ex-governador Leonel Brizola, de complicações decorrentes da hepatite C: Neusa Brizola (1954-2011) - Neusinha, filha de Brizola e cantora.