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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Crise

Sim, eu tinha muito medo do tratamento.

Os efeitos colaterais assustam muito - fala sério, ninguém em sã consciência gostaria de passar por uma coisa dessas (por mais que eu tenha mantido o ânimo durante o tratamento, eu seria maluca se dissesse que foi uma coisa legal).

Mas eu tinha mais medo do que a experiência de passar por esse tratamento poderia modificar em mim e em minha vida. Porque o ser humano gosta de conforto; as mudanças muitas vezes (mesmo necessárias) são doloridas. E eu, como um bom ser humano, temia
mudanças desconhecidas.

Ao começar o tratamento, algo realmente se transformou em mim. Não sei explicar direito, mas foi como se um novo mundo se abrisse diante dos meus olhos, uma nova "verdade", uma nova forma de me ver e de ver as coisas. Pra ser sincera, acho que foi a consolidação abrupta de uma mudança que eu vivenciava desde que me tornei mãe - puf! "Olá, vida, muito prazer!"

Antes eu achava que me amava, mas hoje vejo que não: talvez aquilo pudesse ser assim uma "simpatia" por mim mesma. Amor próprio é o que tenho hoje, o que faz com que eu me sinta importante e que queira me cuidar - independente do que pensam, sentem ou querem as outras pessoas.

Se alguma frase pode descrever bem esse momento é: "deixa eu cuidar de mim!". E esse cuidado ganhou uma dimensão diferente, algo mais parecido com o amor materno e que, como tal, não dá pra tentar explicar. O fato é que minha relação comigo mesma mudou.

E quando isso muda, é inevitável que nossa relação com o resto do mundo mude também. Resultado: estou em crise!


Imagine a cena de uma pessoa se afogando no mar... quando enfim ela consegue chegar à superfície e respirar, vem uma onda enorme e a manda para o fundo. Com muito esforço, chega de novo à superfície... e tome outra onda! É assim que estou me sentindo, é uma onda atrás da outra. Mal consigo refletir sobre as coisas (quem dirá decidir alguma coisa!?), porque minha maior preocupação é conseguir respirar (e parar de rolar em baixo d'água - o que é muito chato).

Se eu não entro em desespero é porque sei a quantidade de salva-vidas que têm lá fora, prontos pra me acudir. Agradeço pelas pessoas que têm me dado a maior força - material, emocional e espiritual! Se nos últimos tempos tive tristes supresas em relação a amizades (e como estou magoada hoje por causa disso!), tive também o surgimento e fortalecimento de outras.

Apesar da crise, estou FELIZ.
Feliz porque sairei dela uma pessoa melhor, ciente que as doloridas mudanças também são necessárias - milho que não passa pelo fogo não vira pipoca.

Feliz porque, mesmo em crise, consigo enxergar e me alegrar com as coisas boas da vida.
E assim eu vou me animando...


Por falar em coisas boas da vida...

:) Gi, parabéns pelo bebê - e por sua coragem e determinação!


:) Gostoso estar em família (feliz pela relação boa que tenho hoje com meu pai). E por essas duas princesas fadas que animam qualquer pessoa!


:) Emoção demais ao ganhar de presente uma jóia linda que foi da minha avó - tanto pelo anel, como pela forma bonita que esse presente foi pensado e dado. Mãe, obrigada por buscar incessantemente formas de me animar e me fazer feliz. Dinda, obrigada pelo "troféu" e por me achar merecedora dele. Tia Lili, obrigada por fazer com que isso se realizasse. Pai, obrigada por ser o mensageiro desta surpresa.


"Todo grande lutador é um vencedor e os vencedores merecem troféus. Tu estás te mostrando uma guerreira na tua luta pela saúde, então estou te mandando um troféu. É uma coisa de família que vai te lembrar demais a Nona (outra grande guerreira que brigou por ela, por mim, por ti...). Quero que a sintas bem perto de ti (que na verdade ela está). Beijos mil, Dinda"

:) E, pra terminar, nada como uma obra de arte - parte do "acervo" dos primeiros trabalhinhos da Florzinha na escola. A mamãe boba chorou demais...

6 comentários:

  1. Querida Flor, conheço bem demais esses sentimentos, e hoje sinto-me feliz, muito feliz por poder ser a primeira a comentar:
    Este meu segundo tratamento, está a ser muito mais suportável, os enjoos passaram, tive duas semanas com febre mas passou, sinto-me muito, muito melhor do que no 1º tratamneto.

    Agora a noticia que recebi hoje:

    Ao fim de 4 semanas de tratamento, o virus negativou!

    Já chorei, já tremi, tive dificuldade em acreditar, e agora tenho um ânimo diferente para seguir, por mais um ano com este tratamento.

    Acreditar, sempre.

    (Já fui Pipoca, mas o meu nome é Inês)

    Um beijinho grande!

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  2. Aninha, lembra que você falou que ia mudar todo o seu guarda-roupa depois do tratamento??? Pelo visto, é o guarda-roupa interno e o externo, né, amiga? Precisando de apoio, ouvido ou ombro amigo, pode me procurar. Eu trabalho até as 14h, e você?
    Um beijo grande
    Dri*

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  3. Dri, é mesmo! Nem lembrava disso. :)
    Obrigada pelo apoio, amiga.

    Inês,
    Uhuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!! Parabéns!
    Fico super feliz!
    Várias vezes eu pensei em você e de repente chega essa notícia maravilhosa... obrigada!

    Continue com essa força e ânimo. Tenho fé que você vai continuar negativada pro resto da sua vida! Um beijão!

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  4. OI Ana,
    Mais ânimo que em seu blog impossível, esse troféu tambem é seu.
    Os momentos de crise sempre existirão em nossas vidas..mas lembre-se que na "crise" nós "crescemos".
    Que a Paz de nosso irmão maior te envolva.
    beijos meu e do Pedro, que está com saudades da tia e da amiguinha.
    ps. conte conosco no que precisar.
    Luzi

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  5. Nossa Flor... quanta informação que eu desconhecia!!!!Muito bacana dividir sua luta com a gente,adoreiii
    Força... Abraçosss sheila e fram

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  6. Obrigado pelo carinho Flor, vou te seguir no twitter... Bjossss

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