Uma em cada 12 pessoas no mundo pode ter hepatite B ou C, sem saber. Não há sintomas e o vírus não é detectado em exames de rotina. Tem certeza que você não tem? Faça o exame, é gratuito.

terça-feira, 8 de março de 2011

Mulheres, fragilidades(?), coragem e hepatite C

Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. Cora Coralina

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Domínio Público


Dia Internacional da Mulher. Enquanto muitos criticam a existência da data, eu a defendo por considerar importante celebrarmos um marco na luta contra a desigualdade de gênero.
 
Muitos diriam que tal desigualdade nem existe. Para o pensamento liberal, as oportunidades são iguais para todos e obtém sucesso aquele que mais se esforça e desempenha suas funções melhor que os demais.
Isso explicaria, por exemplo, porque as mulheres são minoria nos mais altos cargos das organizações, já que não se esforçam o suficiente, não querem pagar o preço da carreira e blablabla.

Fato é que as oportunidades não são iguais. E as empresas, na maior parte com suas culturas predominantemente machistas, não valorizam as características femininas, que poderiam trazer tanto ou até mais resultado do que... bem, vocês sabem como funciona o mercado hoje.
Se for mulher, negra e nordestina então... sente na pele três preconceitos velados (às vezes nem tão velados assim).


Mulheres e hepatite C

Além de todas as situações de risco de infecção com o vírus da hepatite C às quais ambos os gêneros estão sujeitos, destaco a seguir algumas susceptibilidades femininas.


  • Nas décadas de 70 e 80, muitas mulheres submetidas à cesariana receberam transfusão de sangue sem seu prévio conhecimento. Estima-se que, por causa das cesáreas, 250 mil mulheres estejam infectadas com hepatite C, sendo que apenas um pequeno número delas está ciente disso. Os dados são do Grupo Unidos Venceremos.


Não custa lembrar que a hepatite C pode não apresentar sintomas por décadas e, não sabendo que receberam transfusão e fazem parte do grupo de risco, essas mulheres têm seu estado de saúde agravado a cada dia, sem nem desconfiarem disso. Foi submetida à cesariana antes de 1993? E sua mãe, foi? Que tal pedirem os exames de hepatite ao médico na próxima consulta?


  • Outro perigo para as mulheres: salões de beleza. Quantas de nós levam seu próprio kit manicure ao salão? Observem que eu disse kit e não apenas alicate, o que inclui espátula, pauzinhos, esmaltes (já aproveite para levar a lixa também e evitar fungos). O vírus da hepatite C sobrevive até 72 horas fora do sangue e só é eliminado com a esterilização adequada: 170°C durante 1 hora completa, num equipamento perfeitamente regulado. Você confia que seu salão faz isso a cada cliente? Eu não. Por isso levo tudo. Pra que brincar com uma coisa tão séria, né? Leia mais sobre isso em: Hepatite no salão de beleza.

Só para lembrar de novo: a hepatite C é responsável pela maior parte dos transplantes de fígado no Brasil e no mundo, e muitas pessoas morrem na fila.


Fragilidade

Fala-se que as mulheres são o sexo frágil, mas encontro um problema conceitual aí: confunde-se sensibilidade com fragilidade, que são duas coisas diferentes. Ou, ainda mais grosseiramente, referem-se à menor força física em relação ao homem, mas uma rápida visita ao dicionário nos mostra que não cabe falar sobre fragilidade em oposição à força.

Na semana passada, em entrevista à Ana Maria Braga, a presidenta Dilma Rousseff disse algo muito significativo em relação a isso: 

“Você já viu algum homem que chega à direção do país ser chamado de duro? É porque são homens. É esperado da mulher uma fragilidade fora do comum. A mulher pode ser fisicamente mais frágil, mas não necessariamente é menos forte do que o homem por dentro.” Dilma Roussef 01/03/2011

Sinceramente, considero impossível associar a palavra fragilidade à maternidade - incluindo a sala de parto, que muito marmanjo não consegue encarar nem como acompanhante. Depois disso, dispensam-se outros argumentos.


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Tomas Castelazo


Força e coragem


Devido ao meu trabalho aqui no blog, acompanho o tratamento de muitas mulheres com hepatite C e vejo como elas se desdobram para encarar os efeitos colaterais dos medicamentos e continuarem sendo os pilares de suas famílias.

E mais: vejo mulheres que não têm hepatite C fazendo o tratamento junto com seus maridos e filhos, lado a lado, lutando, apoiando, incentivando. Ouso dizer que, em muitos desses casos, elas são o fator decisivo para a adesão ao tratamento.

Quero citar o exemplo da querida Eliane, que conheci no orkut e tive o privilégio de encontrar pessoalmente em uma das minhas viagens à Porto Alegre: uma leoa durante o tratamento da Nathi, sua jovenzinha e linda filha.

Eliane comigo em 2009 (eu ainda abatida após fim do tratamento)

Parabéns a todas essas guerreiras, que, como disse Cora Coralina, passam a vida removendo pedras e plantando flores.

7 comentários:

  1. Mulheres são pessoas fortes. A fragilidade dela está apenas na maneira sensível de se comportar. Eu admiro demais as mulheres e digo que sem elas eu não vivo.

    Vocês conseguem arrancar do fundo da alma força para superar qualquer obstáculo. Aguentam dores inimagináveis para nós, meros homens.

    Beijos, Ana!

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  2. Tambem acompanho o tratamento das mulheres e de quem acompanho alguem que esta se tratando. Somos muito fortes nos dois casos. Enfrentamos tudo com muita garra.
    Eu ja tentei quatro vezes e o sem vergonha do virus voltou.
    No ultimo consegui ir ate o fim.
    No segundo meu marido virou ex- marido,nao conseguiu me ajudar.Fraquiiiinho, tadinho.

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  3. Olá flor... vim agradecer o apoio que me deu e tbm ao meu blog no "Ferramentas Blog".

    Gostei muito do seu espaço, é bastante informativo!!!

    Um grade beijo pra ti, fique com Deus!
    Bjs, Déia.

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  4. Obrigada a todos e todas pela visita!

    Richard,
    Lindo o que disse! Obrigada, querido!
    Redimiu-se do tweet de ontem. kkkkkkkkkk

    Sandrinha,
    Você que está lá presente na comunidade do Orkut sabe mesmo bem do que eu estou falando.
    E encarar quatro vezes o tratamento não é pra qualquer um, né? Orgulho de você! E pena do ex-marido fraquinho - que mulherão ele perdeu, né?
    Saudades de vocês... com meu ritmo doido de trabalho, inclusive aqui no blog, não sobra muito tempo para eu passar pela comunidade e poder rir e chorar com pessoas que gosto tanto. Mas continuo na luta.
    Beijo, querida!

    Déia,
    Que bom vê-la por aqui. Você é um exemplo do que a Cora Coralina falou. Tanto sofrimento, mas ainda plantando flores.
    Que bom que gostou daqui. Seja sempre bem-vinda!

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  5. "...Uma vez que despertamos para a realidade, não tem mais volta, não dá para ficar indiferente..."
    são minhas palavras finais (meu livro ,a ser lançado em meados de abril, depois dou detalhes....rs...e conto com sua ajuda na divulgação da leitura).
    Realmente, somos fortes, lutamos por nós e pelas companheiras,para que a soma de forças sempre possa erguer alguém quando bate o desanimo e para que a nossa luta continue.
    Amei sua foto com a minha amadinha Eliane!
    bjs

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  6. Eli querida,
    Claro que divulgarei o seu livro, com muito prazer! Estou ansiosa para lê-lo.
    Lindo o seu comentário. Agradeço por ele e pela visita.

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  7. Oi Ana, tudo bem? Li naquele site sexo fragil sobre o episódio da clínica de estética. Que aberração! Eu moro em uma cidade pequena e achei que esse tipo de coisa acontecesse somente em currutelas. Percebi também, que quem é mais preconceituso normalmente é quem menos tem cuidado. Acho que essas pessoas acham que são imunes a virus. Eu me casei com meu único namorado. Ele não tem nem nunca teve hepatite B e eu sou portadora do vírus. Faço exames períódicos e por enquanto meu diagnóstico é de portadora sã. Portanto, posso ter pego o virus em dentista, manicure ou com seringas não descartáveis, muito comuns na minha infância. Já passei por um episódio parecido. Fui tirar sangue em um laboratório para fazer o exame da carga viral e demoraram uma hora para decidir quem ia colher meu sangue. Fiquei muito nervosa e por isso não conto para quase ninguém sobre isso.Evidentemente, vou ao salão e levo tudo meu, até minha bacia de pé. Só que já fui motivo de piadas por causa disso, pois as pessoas acham que é "orgulho". Mal sabem que estou também pensando na saúde delas. Ana, acompanho seu blog todos os dias e você não sabe o quanto desejo sua total recuperação. Rezo por sua saúde e tenho certeza que você vai vencer essa luta. Você já ouviu falar em uma clínica em Botucatu? Conheço uma pessoa que trata lá e disse que o índice de cura dos pacientes dali é de 98 por cento. Só que eu ainda não sei o nome da clínica, mas vou descobrir.

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