Uma em cada 12 pessoas no mundo pode ter hepatite B ou C, sem saber. Não há sintomas e o vírus não é detectado em exames de rotina. Tem certeza que você não tem? Faça o exame, é gratuito.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Dicas para diminuir a coceira na gravidez

A colestase intrahepática é uma doença própria da gestação, que atinge 0,01% das mulheres grávidas no mundo, causando coceiras insuportáveis pelo corpo todo - que geralmente pioram à noite. Embora a incidência pareça baixa, são muitas as futuras mamães que sofrem com os seus sintomas, como vocês podem ver nos comentários do post Colestase intra-hepática na gravidez: prurido gestacional (coceira), um dos textos mais acessados deste blog.
coceira_gravidez
2007 - um mês antes de ganhar a Amanda

Um dos problemas enfrentados por elas, o qual também sofri na pele, é a falta de preparo dos ginecologistas/obstetras para o diagnóstico da doença. Quando há suspeita de colestase, a gestante deve procurar um hepatologista, que, confirmando a doença, ministrará medicação adequada que reduzirá a coceira.

Outro cuidado que deve ser tomado é com o tempo de gestação, pois são relatados casos de mortes dos bebês de grávidas com colestase intrahepática nas últimas semanas de gravidez, sem causa aparente. Infelizmente isso aconteceu com algumas leitoras deste blog.


Para mais informações sobre colestase gravídica, leia também:



Alimentação

Como sabemos, a alimentação é fator fundamental na prevenção e manutenção de nossa saúde. A nutricionista Maíra Attuch pesquisou sobre o assunto e compartilha com as leitoras do Animando-C algumas dicas para amenizar o sofrimento causado pelas coceiras na gravidez.

Segundo a nutricionista, há poucas menções sobre como a alimentação pode ajudar a minimizar os desagradáveis sintomas da patologia, mas com base no estudo da doença, pode-se considerar que:
uma vez que a causa está fortemente associada ao aumento da secreção de estrogênio durante a gestação e uma disfunção hepática no metabolismo desse hormônio, a alimentação pode ter um papel coadjuvante na modulação da secreção de estrogênio e no auxílio da função desintoxicadora do fígado. 

A partir disso, Maíra Attuch elaborou as seguintes dicas, ressaltando, porém, que o ideal é uma avaliação individualizada das necessidades nutricionais de cada gestante e um acompanhamento em parceria com a equipe médica.

  • Reduzir o consumo de leite e derivados, que tendem a aumentar a produção dos estrogênios.
  • Evitar frituras, para não sobrecarregar a atividade hepática.
  • Evitar alimentos ricos em açúcar e farinhas refinadas, como pão branco, biscoitos, bolos e doces em geral. O excesso desses alimentos é transformado em gordura pelo fígado, mais uma vez sobrecarregando suas atividades. 
  • Dar preferência ao consumo de peixes em vez de carne bovina e frango, para reduzir o consumo de gorduras saturadas de origem animal. 
  • Aumentar o consumo de folhas verde-escuro, como agrião, rúcula, couve, brócolis, espinafre, e o consumo de brotos (de alfafa, de girassol, de lentilha, de feijão), que ajudam o fígado a exercer sua função depurativa.          
  • Aumentar o consumo de ervas e temperos naturais, como hortelã, manjericão, orégano, salsa, cebolinha, coentro, entre outros, eliminando o uso de temperos prontos artificiais. 
  • Em relação aos produtos à base de soja, dar preferência ao tofu (queijo de soja) e à pasta de missô (pasta de soja fermentada), evitando os demais derivados (leites, iogurtes, proteína texturizada), que também podem aumentar as concentrações de estrogênio.


Maíra Attuch é nutricionista especializada em alimentação natural. Seu trabalho busca harmonizar o organismo do indivíduo por meio de uma alimentação saudável, desenhada especialmente para atender as necessidades e características individuais. Ela mantém o excelente blog DaHora Culinária Vegetariana. Dê uma passadinha por lá!




quinta-feira, 19 de maio de 2011

Hepatite C: posso estar infectado sem saber?


Você pode ter sido infectado com hepatite C há décadas e não ter sintoma algum. 

Manicure, dentista, cesarianas nas décadas de 70 e 80, tatuagem, piercings, seringas de vidro, vacina de pistola, compartilhamento de seringas (drogas ou vitaminas), contato com sangue contaminado por parte de profissionais da saúde, policiais militares e bombeiros, bem como transfusões de sangue antes de 1992 são exemplos de situações nas quais você pode ter sido exposto ao vírus da hepatite C.

Não perca tempo: faça o teste. Peça ao seu médico na próxima consulta os exames que detectam as hepatites B e C. Você pode estar em dia com os exames de rotina, mas eles não detectam o vírus. 

Hepatite C mata, mas tem cura se tratada a tempo.
Dê a si mesmo a chance de viver um pouco mais. Você e sua família merecem isso.



sábado, 14 de maio de 2011

Sonhos e hepatite C: as pessoas vivem pra quê?

Momentos difíceis, problemas de saúde, perda de pessoas queridas... Algumas coisas são reversíveis em nossas vidas, outras não. Esta é a vida! E pra que vivemos? O vídeo abaixo mostra a história de um grupo de velhinhos tailandeses que deixaram de lado suas doenças, suas perdas, suas limitações e decidiram correr atrás de sonhos... de moto! Decidiram viver.




Obrigada ao amigo @GELEAL que compartilhou este vídeo no Facebook.



Seguindo o exemplo mostrado no vídeo, não deixe a hepatite C paralisar a sua vida.
É uma doença grave? Muito grave.

Pode ser que hoje as complicações da doença lhe impeçam de fazer muita coisa, mas não lhe impedem de continuar sonhando. Esse é um impedimento que somente você mesmo pode se colocar.

Se você tiver condições, corra atrás de seus sonhos, sejam eles pequenas coisas que se concretizem no dia-a-dia, sejam maiores ou inusitados como ir ao show dos New Kids on the Block em Nova York.

E não faça isso pensando que é porque você vai morrer. Todos os seres vivos deste planeta morrerão, com hepatite C ou sem. Faça isso porque você vai viver.

Viva. Sonhe. Anime-C.

Estados Unidos aprovam primeiro medicamento contra o vírus da hepatite C

O FDA (Food and Drug Administrationagência americana de controle de medicamentos) aprovou ontem o Victrelis, mais conhecido como boceprevir. Produzido pela Merck, torna-se o primeiro medicamento que atua diretamente no vírus da hepatite C nesses 22 anos de descoberta da doença.

Imagem: takacsi75 - Flickr CC 

Nos próximos dias, é esperada também a aprovação pelo FDA do telaprevir, da Farmacêutica Vertex - inibidor de proteases como o boceprevir - que chegará trazendo esperança para os portadores de hepatite C, principalmente para os não-respondedores, ou seja, aquelas pessoas que não obtiveram a cura com o tratamento disponível atualmente, como é o meu caso.   


Embora a aprovação do FDA já fosse esperada, como escrevi no post Aprovação de medicamentos mais eficazes contra hepatite C está próxima, e apesar de que possivelmente não farei uso desses medicamentos em breve, pelos motivos que explicitei em Nem todos os portadores de hepatite C usarão os novos medicamentos, confesso que fiquei emocionada quando li a notícia ontem. 

Meus olhos se encheram de lágrimas, agradeci a Deus e pensei: Está acontecendo! É o começo da cura! 


Esperança, gente!


Fontes:

Atualização em 24/05/2011:
Conforme esperado, o Telaprevir foi aprovado ontem pelo FDA e será comercializado com o nome de IncivekFDA approves Incivek for hepatitis C 


Atualização em 25/07/2011:
Boceprevir é aprovado pela Anvisa.! A decisão foi publicada hoje no Diário Oficial. Saiba mais: Boceprevir é o primeiro inibidor de protease aprovado pela ANVISA para tratamento da hepatite C

sábado, 7 de maio de 2011

Nem todos os portadores de hepatite C usarão os novos medicamentos

Sempre falo com entusiasmo dos novos remédios para tratamento da hepatite C, que devem ser aprovados pelo FDA (agência americana que controla medicamentos) ainda neste mês. Segundo as pesquisas, eles aumentam muita a chance de cura da hepatite C, que com o tratamento disponível hoje é em média de 50% - percentual que varia de acordo com o genótipo do vírus.

Leia também:
Claudio Mangini - Flickr CC 

Apesar disso, eu não deverei fazer uso dos novos medicamentos assim que forem lançados.

Antes de eu explicar o motivo, é interessante que você saiba como agem esses medicamentos e sua diferença em relação aos anteriores. Resumidamente, os remédios hoje disponíveis - Interferon e Ribavirina - atuam no sistema imunológico, enquanto os inibidores de proteases a serem lançados em breve (Telaprevir ou Boceprevir) atuarão diretamente no vírus. Leia mais sobre isso aqui: Novos medicamentos são esperança na luta contra a hepatite C.


Indicação para uso dos novos medicamentos contra hepatite C


Se você ainda não conhece minha história (ou apenas lembrando, caso você já conheça), sou o que se pode chamar de não-respondedora ou respondedora nula, porque fiz o tratamento e durante os seis primeiros meses não obtive o resultado esperado:

  •  não negativei o vírus na 4ª semana de tratamento;
  • a quantidade de vírus não baixou 2 logs na 12ª semana;
  • o vírus continuava detectável na 24ª semana.

[No arquivo do blog:  24ª semana de tratamento]

Assim, teoricamente, eu seria uma das candidatas a realizar o novo tratamento, que inclui os remédios anteriores e mais um dos novos inibidores de proteases. Possivelmente, haveria outros efeitos colaterais pelo acréscimo de mais um medicamento (leia sobre efeitos colaterias no diário do meu tratamento), mas o tempo de tratamento seria reduzido (ufa!).   


Porque não farei novo tratamento por enquanto?

Como expliquei antes, o Telaprevir e Boceprevir serão os primeiros antivirais contra a hepatite C. A chance de cura com sua utilização é aumentada, mas ainda não é de 100%

Ou seja, existe a chance de não dar certo. E o que ocorre se realmente não der? Aumento significativo do percentual de resistência do vírus. Se não funcionar uma vez, nunca mais funcionará, pois o vírus ficará resistente aos inibidores de proteases - mesmo quando lançarem a segunda geração desses medicamentos.

Foi isso o que aconteceu com muitos portadores de HIV quando do lançamento do AZT. Fizeram tratamento com monoterapia (ou seja, apenas um antiviral) e quando novas opções foram lançadas e ministradas juntas (o famoso coquetel), eles foram prejudicados: como o AZT não fazia mais efeito, mais uma vez foram tratados com monoterapia, ou seja, apenas com o medicamento novo. Monoterapia = chance de cura reduzida.

Existem várias pesquisas promissoras em andamento, como as dos inibidores de polimerases. Embora não haja expectativa de lançamento desses medicamentos a curto prazo, quando isso ocorrer, eles comporão um coquetel para tratamento da hepatite C. E é desse coquetel que pretendo me beneficiar.

O que será preciso para que isso ocorra?
Como mencionei, não há expectativa de coquetel a curto prazo. Portanto, só poderá esperar por ele, quem ainda estiver com nível de comprometimento hepático relativamente baixo. Se o resultado de sua biópsia for F3 ou F4, não tenha dúvidas: você deverá usar o Telaprevir ou o Boceprevir o quanto antes. Se, como eu, o fígado ainda não tiver atingido tal grau de fibrose, pode esperar. 

Biópsia - Fígado cirrótico (Wikimedia CC Angeloleithold/1975)

Imagino que nem todos os médicos darão esse encaminhamento no caso dos não-respondedores, mas acredito que todos os infectologistas com grande experiência em HIV e hepatite C, como o meu médico, o farão. Lembrando: foi-se o tempo em que os pacientes eram pouco esclarecidos e seguiam piamente as orientações de um único médico. Se você discordar, pode procurar uma segunda, terceira, quarta opinião. Já compartilhei com vocês o que penso sobre a escolha do nosso médico assistente

Concluindo: não posso afirmar que não farei novo tratamento em breve. Quando os novos medicamentos para hepatite C forem lançados, farei nova biópsia, que mostrará se poderei esperar mais ou não. Se puder, certamente esperarei. 

A luta contra a hepatite C é uma verdadeira guerra - e sei bem o que é perder uma batalha, leia em O soldado que sorri. E, como tal, deve ser travada com estratégia: queria muito usar esses medicamentos logo, porque o que mais quero é ficar curada de uma vez,  No entanto, a estratégia agora é pensar friamente, embasar-se cientificamente, acompanhar a progressão do comprometimento hepático e, enquanto for possível, esperar. 


Fonte: Dr. José David Urbaez Brito, infectologista